Telecom

Teles querem taxa de rede, mas reduzem investimentos e aumentam dividendos

Big techs dizem que usuário vai pagar a conta se Anatel intervir na relação de web e telecom

A criação de um mecanismo regulatório que permita às grandes operadoras de telecom que atuam no Brasil cobrar pelo tráfego das grandes empresas da internet voltou a opor esses dois lados durante debate na Futurecom 2024.

As teles reclamam que as big techs precisam contribuir com o financiamento e custeio das redes, enquanto a Aliança pela Internet Aberta, que representa empresas de conteúdo e serviços online acusa Vivo, Claro e TIM de reduzir investimentos ao mesmo tempo em que aumentam a transferência de lucros para seus países de origem.

“É uma tentativa de tirar recursos de um setor para colocar em outro, de algumas empresas para outras. E não se faz regulação para isso. A Lei Geral de Telecomunicações não garante margem de lucro para quem opera no regime privado. Não se pode pedir ao governo para que taxe o usuário, que vai pagar a conta, para que três grandes empresas de telecomunicações estrangeiras lucrem mais no Brasil. Empresas que já vêm aumentando a distribuição de dividendos e reduzindo investimentos no país”, dispara o presidente da AIA, Alessandro Molon.

A principal queixa das big teles é de que precisam investir muito todos os anos para dar conta da demanda por dados, enquanto big techs como Meta e Google faturam alto usando essas redes com as quais não contribuem.

Segundo a Conexis, que representa as grandes teles no Brasil, os investimentos do setor em 2023 foram de R$ 35 bilhões, o que corresponde a 20% da receita líquida. Esse valor representa uma queda de 13% em relação a 2022, quando os investimentos foram de R$ 40,2 bilhões.


“Não faz sentido comparar o quanto empresas de infraestrutura investem em infraestrutura com quanto empresas de conteúdo e serviços investem em infraestrutura. E mesmo assim o setor de conteúdo e serviços investe em infraestrutura também, em CDNs, datacenters, cabo submarinos, que não seria nossa obrigação”, diz o presidente da AIA.

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