Ex-presidente da Telebras, novo ministro das Comunicações quer protagonismo da estatal
"Melhor escolha é valorizar empresa do governo que chega onde ninguém vai", disse Frederico Siqueira Filho. Ele não vai mudar equipe do MCom
Ao trocar a cadeira de presidente de Telebras pela de ministro das Comunicações, Frederico Siqueira Filho deixou claro que quer maior protagonismo da estatal nas ações do governo. Os primeiros passos são retirar a empresa da condição de dependência do Orçamento e avançar na contratação da Telebras para as conexões via satélite do programa das Escolas Conectadas.
“A empresa se posicionou como grande instrumento de inclusão digital. Portanto, esse tema do satélite tem total sinergia com o futuro dela e a gente aguarda uma definição da EACE com relação à contratação da Telebras. A Telebras está pronta, o time qualificado, os parceiros em operação e posicionada como integrador de soluções digitais e satelitais”, disse o novo ministro na primeira entrevista logo depois de tomar posse, nesta quarta, 7/5.
“A melhor escolha para o governo é valorizar uma empresa que é do governo, que tem capilaridade para chegar aonde ninguém chega, nas áreas remotas do Brasil. A definição é da EACE e ela poderá sim contratar a Telebras. A Telebras tem a maior e melhor operação logística de satélite no Brasil e já tem experiencia para assumir maiores desafios do que tem”, insistiu.
Ele não vai mexer na equipe deixada pelo ex-ministro Juscelino Filho. “Vamos manter o time, que já demonstrou capacidade e resiliência para entregar. Agora é acelerar e entregar mais resultados”, disse, citando, em especial, o programa de conexão das escolas públicas. “O Ministério das Comunicações tem um grande papel a cumprir, que é entregar o projeto das escolas conectadas, 138 mil a conectar ou melhorar a conectividade delas. E temos para entregar a TV 3.0, a ampliação do projeto dos Computadores para Inclusão, vários projetos em andamento”, disse Siqueira Filho.
Boa parte, defendeu, vai melhor com a liberação da Telebras para fazer novos investimentos. “Não faz sentido uma empresa de serviços, que precisa de investimentos, estar vinculada ao Orçamento Gera da União. O presidente Lula entendeu a importância e a gente conseguir construir com o Congresso e incluir na LDO uma forma de fazer essa transição e tirar a companhia da dependência do Orçamento da União. Com a aprovação da LOA e com um decreto que está para ser regulamentado, nos próximos meses vamos superar esse desafio e tirar a empresa do Orçamento Geral para cumprir os projetos estruturantes”, adiantou o novo ministro das Comunicações. Segundo ele, para o comando da Telebras, “o indicado é o André Magalhães, que já está como diretor de operações”.
A posse foi concorrida e faltou lugar no auditório do MCom. Sete ministros compareceram – Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), José Múcio (Defesa), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Celso Sabino (Turismo), Márcia Lopes (Mulheres), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Marcos Amaro (GSI) e Renan Filho (Transportes) – além dos líderes do União Brasil, partido que indicou Siqueira Filho, o deputado Pedro Lucas (MA) e o senador Efraim Filho (PB). O presidente da Claro, José Félix, também participou, assim como o diretor geral da Viasat, Leandro Gaunszer, e representantes da Huawei, Telcomp, Conexis, Feninfra e, claro, da Anatel.
Ao tratar das demandas por serviços, do avanço do 5G e da inclusão digital, Frederico Siqueira Filho também destacou que o Brasil se interessa em atrair mais empresas de conectividade via satélite de órbita baixa, na prática concorrentes da Startlink, que por enquanto surfa sozinha nesse mercado no Brasil – e papou 60% dos acessos satelitais.
“Estamos preocupados com novas ofertas, novas tecnologias, mais opções para o cidadão brasileiro. A ideia é buscar parceiros não só na China, como no Canada, com outros parceiros nos Estados Unidos e na Europa que tenham interesse em investir em novas tecnologias no Brasil, para que a gente consiga ampliar as ofertas. Temos expectativa de que a partir de 2026 ou 2027 já tenha novas tecnologias à disposição.”