
A inteligência artificial generativa está redefinindo as responsabilidades dos líderes de engenharia de software, que agora precisam equilibrar ganhos de produtividade com questões éticas e de gestão de talentos. Diferentemente da visão simplista que enxerga a tecnologia apenas como ferramenta de redução de custos, especialistas defendem seu papel como potencializador de eficiência, capaz de elevar o desempenho das equipes sem substituir o capital humano.
Haritha Khandabattu, diretora-sênior de pesquisa da Gartner, enfatiza que, embora avançadas, as ferramentas de IA generativa não são capazes de replicar a criatividade, o pensamento crítico e as habilidades de solução de problemas inerentes aos engenheiros. Dados de um estudo realizado pela consultoria no quarto trimestre de 2024 com 400 líderes de engenharia de software nos EUA e no Reino Unido revelam que aproximadamente metade das equipes já utiliza a tecnologia para otimizar fluxos de trabalho.
Para profissionais experientes, a IA atua como um guia eficiente, permitindo adaptação rápida entre diferentes plataformas e projetos. Já os menos experientes ganham agilidade na execução de tarefas rotineiras, liberando tempo para se dedicarem a desafios mais complexos. O verdadeiro desafio para os gestores, segundo Khandabattu, está em demonstrar como a IA generativa gera valor tangível para os negócios, indo além da mera automação.
No recrutamento, a IA começa a desempenhar um papel transformador. Pesquisas da Gartner com 487 CIOs e líderes de TI apontam que 33% já utilizam a tecnologia para gerar descrições de vagas. Plataformas equipadas com IA generativa conseguem analisar entrevistas, resumir feedbacks e até auxiliar no processo de integração de novos colaboradores por meio de chatbots. No entanto, a especialista ressalta que, embora ágeis, esses processos ainda demandam supervisão humana para decisões estratégicas.
A preparação para essa nova era exige ações concretas. Os líderes precisam investir em programas de capacitação focados em modelos de linguagem e engenharia de prompts, habilidades que devem constar em 70% das descrições de cargos de liderança até 2027, ante os atuais 40%. Paralelamente, é fundamental fomentar uma cultura de aprendizado contínuo, garantindo que as equipes acompanhem a evolução tecnológica.
Outro pilar essencial é a governança ética. Com a adoção da IA generativa, torna-se necessário estabelecer políticas claras que definam responsabilidades entre os times de DevOps, DataOps e ModelOps, além de envolver áreas jurídicas e de segurança para assegurar conformidade e mitigar riscos.