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BRICS: Falta de consenso desafia cooperação em Inteligência Artificial

Estudo do IPEA aponta que há divergências significativas entre os países.

Um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas analisou as estratégias de inteligência artificial dos países dos BRICS, inclusive dos membros associados, e apontou uma séria de dificuldades para que o grupo adote uma cooperação mais intensa. Enquanto China e Rússia avançam com ambições claras de liderança global em IA, os demais membros ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento, buscando consolidar suas políticas tecnológicas.

China e Rússia destacam-se por investimentos maciços em pesquisa básica e aplicações de ponta, como computação neuromórfica e robótica militar. Seus planos estratégicos refletem uma busca por soberania tecnológica completa, com ênfase em infraestrutura própria e redução de dependência externa. Enquanto isso, outros países do bloco ainda enfrentam desafios como falta de profissionais qualificados e recursos insuficientes.

Apesar de alguns consensos, como a necessidade de frameworks éticos e proteção de dados, há divergências significativas. Apenas Brasil, China, Egito, Índia e Indonésia assinaram a Declaração para uma IA Inclusiva e Sustentável da Cúpula de Paris (2025), enquanto África do Sul, Emirados Árabes, Etiópia, Irã e Rússia ficaram de fora, evidenciando dificuldades em alinhar posições.

O estudo aponta quatro eixos estratégicos para o BRICS fortalecer sua autonomia coletiva em IA. Em primeiro lugar, a criação de cadeias de suprimentos internas, com China e Rússia fornecendo hardware avançado aos demais membros do bloco. Em segundo lugar, o estabelecimento de padrões comuns para compartilhamento de dados, especialmente em setores estratégicos como saúde e agricultura, poderia acelerar a inovação tecnológica.

O terceiro pilar seria a implementação de programas conjuntos de capacitação e intercâmbio de talentos, solucionando a crônica escassez de especialistas em IA que afeta vários países do grupo. Por fim, a otimização de infraestruturas compartilhadas – como o modelo Sinapad do Brasil e os data centers alimentados pela usina GERD na Etiópia – emerge como alternativa para reduzir custos operacionais e democratizar o acesso à capacidade computacional necessária para o desenvolvimento de IA.


Para o IPEA, essas medidas combinadas poderiam criar um ecossistema tecnológico mais integrado e autônomo dentro do bloco, reduzindo a dependência de players externos.

Para o IPEA, a rápida evolução da IA exige regulamentações flexíveis, mas países emergentes correm o risco de ter normas impostas por potências dominantes. O BRICS surge como um fórum crucial para defender os interesses do Sul Global, promovendo governança democrática e evitando dependência tecnológica.

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