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Thiago de Aragão: Geopolítica impacta negócios e exige nova postura das empresas

“Passou o tempo de pensar apenas em termos de reação. Antecipação é o que gera oportunidades”, diz Thiago de Aragão

A relação entre geopolítica e negócios nunca foi tão estreita e isso exige uma nova postura das empresas. Esse foi o alerta do analista e diretor estratégico da consultoria Arko Advice, Thiago de Aragão, durante apresentação no SAP NOW AI Tour Brasil, que acontece em São Paulo nos dias 19 e 20 de agosto.

Segundo ele, disputas internacionais, especialmente entre Estados Unidos e China, impõem às empresas a necessidade de decisões cada vez mais rápidas e estratégicas. “É impossível falar de decisões ágeis sem falar de geopolítica. Hoje, mais do que nunca, as escolhas das companhias estão amarradas às decisões governamentais e à posição dos países no cenário internacional.”

A disputa pelo controle de rotas estratégicas, como o Estreito de Malaca e a região de Taiwan, também foi apontada como fator crítico para os fluxos comerciais que impactam diretamente o Brasil. “Se há risco de bloqueio naval, a China busca alternativas, como comprar terras no leste da África para garantir produção agrícola. Isso pode alterar a posição do Brasil como fornecedor”, avaliou.

Para o analista, o cenário global coloca o país diante da necessidade urgente de diversificar parcerias e alinhar sua política diplomática com sua vocação comercial. “O Brasil segue acomodado em uma relação assimétrica com a China e com poucos incentivos à diversificação. Mas o mundo está se reorganizando, e quem não souber navegar nesse ambiente ficará para trás”, alertou.

Aragão defendeu que empresas criem estruturas internas para monitorar riscos geopolíticos, comparando essa prática à lógica de startups. “Hoje já existem divisões específicas para isso, porque cadeias de suprimento, produção e exportação estão diretamente expostas às disputas internacionais”, observou.

“O impacto para nossas empresas e setores é maior que a geopolítica de 15 ou 10 anos atrás. Exige entender melhor o papel no mundo. Passou o tempo do executivo, da empresa, pensar apenas em termos de reação. A antecipação é o que hoje gera oportunidades. Entender isso, adaptar isso no campo pessoal, setorial e de negócio vai evitar muitos problemas que surgem no ambiente global.”

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