Telecom

Brasileiros usam menos Wi-Fi no exterior e sofrem com velocidades mais baixas no roaming

Estudo da Ookla mostra redução na qualidade móvel em viagens internacionais.

Os brasileiros que viajam para fora do país tendem a depender mais das redes móveis de suas operadoras do que de conexões Wi-Fi gratuitas, mas essa escolha nem sempre garante a melhor experiência. Segundo relatório da Ookla, responsável pelo Speedtest, clientes de operadoras brasileiras registraram velocidades de download mais baixas quando em roaming internacional, em comparação com a qualidade que têm dentro do Brasil.

O dado contrasta com o comportamento de viajantes de países vizinhos, como México, Argentina e Chile, que preferem se conectar a redes Wi-Fi ao chegar em destinos no exterior — seja para evitar custos de roaming ou por estarem mais acostumados a redes públicas. O relatório lembra que a Cidade do México, por exemplo, mantém milhares de pontos de acesso gratuitos, o que estimula o uso de Wi-Fi fora do país.

Apesar do desafio de desempenho, o Brasil ocupa posição central no mercado latino-americano de roaming. O país recebeu 6,8 milhões de turistas internacionais em 2024, alta de 14,6% em relação ao ano anterior – ainda assim, uma fração dos 45 milhões que visitaram o México no ano passado. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos se consolidaram como o principal destino de brasileiros no exterior, seguidos por Argentina, Portugal, Paraguai e Itália. Esses fluxos orientam os acordos de roaming que as operadoras firmam com parceiras internacionais, influenciando preços e qualidade de conexão.

A Ookla aponta que o mercado enfrenta mudanças que ameaçam reduzir as receitas das operadoras, especialmente o crescimento do uso de Wi-Fi gratuito; a disseminação da tecnologia eSIM, que permite contratar planos locais sem depender da operadora de origem — a GSMA prevê que 75% das conexões móveis na América Latina adotarão eSIM até 2030; além da oferta de planos internacionais ilimitados por grandes operadoras estrangeiras, como T-Mobile e AT&T nos Estados Unidos.

Apesar da queda de desempenho registrada pelos brasileiros fora do país, a região vive uma tendência de melhoria de velocidades, impulsionada pela expansão do 5G. O Brasil, entre os líderes dessa implantação na América Latina, pode transformar a qualidade da rede doméstica em vantagem competitiva, tanto para atrair turistas estrangeiros quanto para melhorar acordos internacionais.


Para a Ookla, o futuro do roaming dependerá de três eixos: qualidade de rede, simplificação da experiência digital e eficiência de infraestrutura. Operadoras que conseguirem oferecer pacotes transparentes e conexões rápidas terão melhores condições de enfrentar a concorrência de eSIMs independentes e da alternativa do Wi-Fi.

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