
A formação de talentos em tecnologia é um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo, uma das maiores oportunidades para o desenvolvimento do Brasil. E como destacou o presidente da Brasscom, Affonso Nina, o país precisa de uma visão estratégica de longo prazo, articulando empresas, sociedade civil e governos, a fim de preparar profissionais para a economia digital.
“Brasil vai ficar parado no mesmo lugar se a gente não atuar em educação e emprego”, resumiu Nina ao abrir o Brasscom TecFórum Educação & Emprego, realizado em São Paulo em parceria com a Fundação Telefônica Vivo nesta quarta, 27/8.
Um estudo apresentado no evento — elaborado pela Brasscom em parceria com a Fundação Telefônica Vivo e conduzido pelo Instituto Locomotiva — trouxe um diagnóstico sobre as dificuldades enfrentadas pelas empresas na contratação de profissionais para cargos iniciais em tecnologia.
Segundo Nina, a análise ajuda a compreender os gargalos da base da pirâmide do mercado de trabalho e oferece subsídios para políticas que vão além das empresas, impactando o país como um todo. “O problema não se restringe às companhias, mas ao Brasil. A questão é como integrar jovens e profissionais em requalificação ao mercado de tecnologia e viabilizar o desenvolvimento de um país com número crescente de trabalhadores qualificados em tecnologia da informação”, afirmou.
O presidente da Brasscom lembrou que a tecnologia está presente em todos os setores da economia e na vida cotidiana dos cidadãos, além de ser peça-chave na geopolítica global. “As tecnologias digitais são transformadoras. Elas podem impulsionar o crescimento do Brasil, ampliar a inclusão social por meio da inclusão digital e fortalecer a posição do país no cenário mundial. Mas nada disso funciona sem as pessoas”.
Nesse contexto, ele destacou o Plano Brasil Digital 30+, uma proposta estratégica para o desenvolvimento do país até 2030 e nas próximas três décadas. “Se tivéssemos feito esse movimento há 30 ou 40 anos, hoje o Brasil seria outro. Mas precisamos olhar para frente. A proposta já não é apenas do setor de tecnologia, mas um movimento da sociedade civil, com apoio de entidades como SENAI, CNI e Fiesp, além de governos federais, estaduais e municipais”, ressaltou.
Um dos pilares centrais do plano é a formação de talentos, considerada essencial para transformar o potencial digital em realidade. Para acelerar essa agenda, a Brasscom firmou um acordo de cooperação com o SENAI Nacional, com o objetivo de levar às escolas técnicas as demandas do mercado em trilhas curriculares, capacitação e empregabilidade. “A evolução tecnológica é constante e acelerada. Precisamos transmitir às instituições de ensino, com a velocidade das mudanças, as necessidades atuais e futuras. Caso contrário, corremos o risco de formar profissionais que já chegam desatualizados ao mercado”, alertou Nina.
Ele reforçou que a construção desse caminho exige articulação entre empresas, governo, academia e sociedade civil. “Educação gera emprego para quem está entrando no mercado, seja um jovem em busca do primeiro trabalho ou um profissional que precisa se requalificar. Mas não se faz isso de forma isolada. Precisamos arregaçar as mangas, agir em várias frentes e conectar esforços. Só assim conseguiremos impacto em escala, rapidez e efetividade”, concluiu.