Telecom

Gebara, Vivo: Mercado de rede neutra não aconteceu no Brasil

Para o presidente da Vivo, setor de telecomunicações sofre com muita sobreposição de redes.

O presidente da Vivo, Christian Gebara, avalia que o modelo de rede de fibra neutra não se consolidou no Brasil como se esperava. Em entrevista à Convergência Digital durante o Painel Telebrasil Summit 2025, realizado nesta terça, 2/9, em Brasília, o executivo explicou que a experiência da operadora com a FiBrasil, criada em parceria com o fundo canadense CDPQ, mostrou limitações do modelo, já que a própria Vivo acabou sendo praticamente o único cliente da empresa.

“A FiBrasil foi fundamental para acelerar a construção de rede e reduzir capex, mas constatamos que o mercado de fibra neutra realmente não aconteceu. O principal cliente da FiBrasil, quase exclusivo, foi a Vivo, e por isso decidimos reintegrar a empresa. Agora teremos mais agilidade para expandir a cobertura e aumentar a penetração de clientes”, afirmou Gebara. A FiBrasil construiu uma rede de 4,5 milhões de domicílios passados, enquanto a Vivo já ultrapassa 30 milhões, com taxa média de penetração de 25%, contra 16% da subsidiária.

A Vivo foi a primeira empresa a rever a aposta em um modelo de subsidiária de rede neutra. Mas o desempenho descrito por Gebara foi visto em outras empresas com o mesmo objetivo. A V.tal, que nasceu do fatiamento da Oi, também tem a empresa original como maior cliente. E a TIM anunciou ter contratado o banco Santander para reavaliar seu posicionamento no mercado de banda larga.  

Para Christian Gebara, o setor sofre com excesso de sobreposição de redes, o que reforça a necessidade de algum grau de consolidação. Ele admitiu que a Vivo segue atenta a oportunidades de aquisições, mas ressaltou que só avalia ativos que atendam aos critérios de qualidade técnica, preço adequado e ausência de sobreposição. “Não temos interesse em redes locais muito pequenas, sem disciplina fiscal ou trabalhista. Há empresas mais consolidadas, algumas com IPOs ou investidas por fundos, mas ainda não encontramos nenhuma que atendesse plenamente aos nossos pré-requisitos”, disse.

Inteligência Artificial


Gebara também abordou o uso da inteligência artificial pela operadora. Segundo ele, a Vivo utiliza a tecnologia há oito anos, inicialmente em processos internos e na relação com clientes. Hoje, mais de 25 milhões de interações mensais já envolvem IA, em canais como aplicativo e WhatsApp. A chegada da IA generativa deve ampliar esse número, com a possibilidade de hiperpersonalização no atendimento.

“Já estamos testando agentes de IA para contato direto com clientes e também para apoiar atendentes em call centers e lojas. Com 6.500 documentos sobre produtos da Vivo, conseguimos treinar sistemas para oferecer respostas rápidas e precisas, melhorando a experiência do consumidor”, explicou. A tecnologia também tem sido aplicada no desenvolvimento de software interno e em homologações.

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