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MIT: Sem diretrizes éticas, empresas no Brasil miram na LGPD para adotar IA generativa

Enquanto 46,1% das organizações não têm qualquer diretriz ética para IA, 56,6% veem LGPD com influência direta na adoção.

Quase metade das empresas brasileiras ainda não definiu regras claras para o uso da inteligência artificial generativa. Segundo pesquisa divulgada pela MIT Technology Review Brasil, 46,1% das organizações não adotam qualquer diretriz ética para guiar a aplicação da tecnologia — um dado que acende alertas sobre riscos reputacionais, regulatórios e de confiança.

O estudo “O mapa da GenAI no Brasil – da estratégia à implementação“, realizado pelo TEC.Institute com 350 executivos de diferentes setores, mostra que apenas 38,5% das companhias estabeleceram normas próprias e 15,4% seguem frameworks externos. Entre os principais obstáculos percebidos pelas empresas estão os conflitos internos (20,8%), os impactos à reputação (19,9%) e a incerteza sobre retorno do investimento (14,8%).

Outro aspecto relevante é o impacto regulatório: mais da metade das empresas (56,6%) considera que a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/18) exerce influência direta — total ou parcial — sobre a adoção da IA generativa, mesmo não havendo legislação específica para inteligência artificial no Brasil.

Apesar de 73% das organizações já debaterem o tema em fóruns estratégicos, a maioria ainda engatinha na prática. Apenas 15,9% possuem uma estratégia formal de uso, e só 7,9% alcançaram integração total da tecnologia em seus processos. Além disso, 75% não contam com profissionais dedicados exclusivamente ao tema.

Para Andre Miceli, CEO e editor-chefe da MIT Technology Review Brasil, a ausência de políticas éticas e de governança reforça a dependência do país de modelos desenvolvidos no exterior. “Grande parte das aplicações locais depende de modelos e infraestruturas criadas fora do Brasil, o que nos deixa mais vulneráveis do ponto de vista estratégico e econômico”, afirma.


Rafael Coimbra, editor-executivo da publicação, alerta que a lentidão pode custar competitividade. “O país já discute IA generativa em nível estratégico, mas a execução ainda é lenta. Enquanto outros avançam com estrutura e capacitação, corremos o risco de aumentar a distância em relação aos líderes”, diz.

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