Inteligência artificial: Governo não forma na velocidade necessária e empresas têm que ajudar
Implementação do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial exige cooperação diz a coordenadora de governança digital do MCTI, Eliana Emediato.

O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), entrou em fase de execução com foco em estruturar investimentos e criar capacidade nacional no uso de IA em diferentes setores. Nesta entrevista ao Convergência Digital, Eliana Emediato, coordenadora de governança digital do MCTI, conta que o plano é resultado de uma estratégia iniciada em 2019 e revisada em 2023 para incluir uma agenda de investimentos.
Com orçamento estimado em R$ 23 bilhões, o PBIA se organiza em cinco eixos: infraestrutura e pesquisa e desenvolvimento; formação de pessoas; aplicação em serviços públicos; uso na indústria; e regulação. “É preciso que o Brasil invista em capacidade computacional, em pessoas capacitadas e em projetos que permitam o uso da IA em serviços públicos”, destacou Eliana.
O plano reúne 54 ações, das quais 56% já apresentam entregas, como o edital do CNPq para criação de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia em IA. O restante está em preparação ou em execução inicial. Um dos principais projetos em andamento é o IA Brasil, que busca aplicar soluções de inteligência artificial no setor público em parceria com CPQD, Serpro e Dataprev. “Esse será um grande passo no uso da IA para melhorar serviços prestados ao cidadão”, afirmou.
O MCTI também está estruturando um sistema de monitoramento que permitirá ao público acompanhar a evolução do PBIA e a execução das ações previstas. Apesar do avanço, Emediato ressalta que a implementação da estratégia exige cooperação entre governo, empresas e academia. “O governo não dá conta de treinar, na velocidade e qualidade necessárias, a força de trabalho sozinho. O setor privado pode contribuir muito na capacitação intermediária e na formação de profissionais para o mercado de trabalho. É preciso união de esforços de todos os lados.”