Impasse entre patrões e empregados suspende negociação salarial de TI em São Paulo
Na rodada de negociação para reajuste salarial da categoria de TI em São Paulo, realizada nesta quarta-feira, 01/02, não houve, mais uma vez, consenso entre patrões e empregados. Os patrões ofereceram um reajuste de 4,4% – no último encontro tinham proposto 4% – além de um abono de 20% a ser pago em outubro. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores, o Sindpd, O percentual ainda está bem abaixo da inflação de 2016, que ficou em 6,58% pelo INPC e 6,29% pelo IPCA.
Diante da posição do patronato de manter a proposta de reajuste abaixo da inflação, o Sindpd informa que vai abrir uma consulta à categoria para definir os rumos da campanha salarial. O Sindicato planeja a realização de uma assembleia para que os trabalhadores se posicionem sobre a oferta feita pelo setor patronal, mas não descarta voltar à mesa de negociação caso o Seprosp (que representa as empresas) aceite as reivindicações, que incluem a reposição integral da inflação acrescida de aumento real.
“Com o rumo que isso está tomando, nós paramos a negociação e vamos para outra forma de conversa. Vou convocar a categoria para decidir o que vamos fazer, mas não vamos aceitar negociar sem repor a inflação”, afirmou o presidente do Sindpd, Antonio Neto, aos integrantes da comissão negocial do Seprosp. Após se reunir com a comissão que representa os trabalhadores, Neto deixou claro que a categoria não vai aceitar o pagamento de abono como forma de repor a inflação. Para o dirigente, ao tentar forçar um índice salarial abaixo da inflação, o setor patronal busca achatar os salários dos trabalhadores de TI.
“Vocês entraram em um conceito ideológico de reduzir o salário da categoria no estado de São Paulo. Isso nós não podemos aceitar”, salientou Neto. Com o impasse, o Sindpd manteve à mesa a sua reivindicação de correção integral da inflação acrescida de 2% de aumento real.”Aceitar o abono com um índice abaixo da inflação é o mesmo que absorver perdas salariais para os próximos anos. Essa fórmula de índice mais abono vai nos fazer começar o próximo ano já com perdas, então esse modelo não nos interessa. Quer dar abono? Tudo bem, mas comece o reajuste com o índice da inflação”, destacou o presidente.
Outras cláusulas
De acordo ainda com o Sindpd, o Seprosp se negou ainda a avaliar outras reivindicações feitas pelos trabalhadores envolvendo benefícios sociais, como a ampliação da licença-maternidade e o pagamento de vale-alimentação.
No caso dos pedidos que foram analisados, o setor patronal também insistiu em modificar trechos da Convenção Coletiva de Trabalho, como os que tratam da PLR (Participação nos Lucros e/ou Resultados) e do vale-refeição. Sobre o VR, a tentativa foi de descontar tíquetes dos trabalhadores em dias de faltas, licenças médicas ou outras ausências.
“Para nós, isso não tem a mínima discussão. A cláusula é clara quando prevê 22 tíquetes de vale-refeição para o trabalhador por mês, não interessa se faltou ou ficou doente. Não vamos permitir que isso seja alterado”, sentenciou o presidente do Sindpd. A definição de uma nova rodada de conversas ou da paralisação definitiva das negociações vai depender, nos próximos dias, de a comissão patronal informar se pretende melhorar significativamente a sua proposta ou não.
Principais demandas do Sindpd:
– Reajuste salarial de 8,29% (IPCA de 2016 mais 2% de aumento real);
– Redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem diminuição de salários;
– Pagamento de vale-alimentação;
– Vale-refeição de R$ 20 para jornada superior a 6h/dia e R$ 18 para até 6h/dia.
– Pagamento integral de plano médico, hoje custeado em 70% pelos trabalhadores;
– Auxílio-creche de 50% para crianças de até 72 meses;
– Hora extra de 100% nas duas primeiras horas e 150% nas demais e finais de semana;
– Licença-maternidade obrigatória de 180 dias;
– Seguro de vida equivalente a 30 pisos salariais;
– Garantia de reembolso de km para trabalhadores que usam os próprios veículos;
– Pagamento de vale-cultura;
– Custeio de bolsa de estudo para qualificação profissional.
O que propôs o Seprosp:
– Reajuste salarial de 4,4% acrescido de abono de 20% pago em outubro;
– Vale-refeição de R$ 17,50;
– Manutenção da jornada de trabalho em 40 horas semanais;
– Redução da multa para empresas que atrasam salários;
– Desobrigação de continuidade da PLR para empresas que já pagam o benefício;
– Desconto do vale-refeição em caso de faltas ou ausências dos trabalhadores;
– Rejeição a todas as demais propostas feitas pelo Sindpd.