Carreira

Pessoas selam o sucesso ou o fracasso da transformação digital

O segredo para a jornada da transformação digital é analógico: são as pessoas as principais responsáveis pelo sucesso da estratégia da empresa em tornar-se digital, pontuou o vice-presidente de pesquisa do Gartner, Cassio Dreyfuss, em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, 24/10, no Gartner Symposium/ITxpo, na capital paulista.

O executivo foi taxativo: Sem funcionários engajados, o projeto corre sério risco e pode fracassar. A transformação digital, acrescentou ele, não é — ou deve ser — de tecnologia e nem da área de TI, mas se trata de uma mudança que começa com a transformação das pessoas. Sem isto, as companhias não conseguirão atingir o objetivo. Dreyfuss reconheceu que nas organizações as funções já não são mais “fechadas” com pessoas especializadas.

“Hoje temos crescimento forte, cerca de 60%, de busca de habilidade e conhecimento da área de tecnologia fora da TI e para diversas funções, tendo participação de pessoas que não são de TI, mas sabendo de tecnologia, em outras áreas”, explicou. Dentro deste contexto, é fundamental para o CIO criar uma cultura de destreza digital, ou seja, enfatizar que não se trata de dominar o conhecimento de determinada linguagem ou software, mas, sim, tirar partido da tecnologia para executar as atividades.

O orquestrador

A destreza digital é um novo design organizacional e nova mistura de talentos para um novo ambiente de trabalho, um local de trabalho digital de alto desempenho. As organizações devem mudar internamente para mudar externamente, diz o Gartner. Dreyfuss explica que, para escalar, precisa-se de pessoas com destreza digital, que sejam colaborativas, ágeis, analíticas, inovadoras e criativas. E que tenham capacidade e o desejo de explorar tecnologias existentes e emergentes para melhores resultados de negócios.


“É necessário criar a cultura digital em toda a organização, sem isto não se faz transformação digital. Tem de fazer com que as pessoas se sintam confortáveis em usar a tecnologia nas suas atividades”, disse, completando que, neste cenário, o papel do líder de TI é de orquestrador. O Gartner alerta que os disruptores digitais estão surgindo em todas as indústrias e é necessário que os CIOs abracem a transformação digital. A receita para o setor digital atinge 20% do total da receita, deixando claro que a transformação não pode ser interrompida.

De acordo com a consultoria, 77% das prioridades de negócio são dependentes de tecnologia. A orientação é que os líderes de TI sejam proativos, tomando a liderança no processo de transformação digital em vez de reativos, esperando chegar as demandas das áreas de negócios. O tipo de liderança oferecida pelo CIO pode variar, explica Mike Harris, vice-presidente sênior de pesquisas do Gartner, nomeando três papéis situacionais que incluem um CIO parceiro, um CIO construtor digital ou um CIO pioneiro digital.

O CIO parceiro de TI deve operar de forma mais transacional, com foco em gerenciamento de serviços, área de TI, valoração para o investimento, além de se preparar para o digital. O construtor digital está projetando e habilitando novos produtos e serviços e trabalhando com outros profissionais em toda a empresa.

Já o pioneiro digital atua como empreendedor, alavancando tecnologias para construir novas capacidades, novos modelos de negócios e novos fluxos de receita para alcançar valor e escala digital.
Entre as recomendações, a instituição aponta para a necessidade de entender as melhores práticas de mercado e desenvolver indicadores de desempenho digitais (KPIs, na sigla em inglês) em toda a empresa. Para Harris, KPIs digitais se tornarão a bússola empresarial, incorporada aos objetivos de desempenho de cada líder da organização.

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