Empresa nacional de big data cria banco de dados com fotos de foragidos da Justiça
A BigDataCorp, criada em 2013 e 100% nacional, lançou um banco de dados de referência com mais de 2,5 mil rostos de pessoas procuradas pela Justiça, tanto no Brasil quanto no exterior, baseados em fotos de instituições oficiais como Polícia Civil, Ministério da Justiça, Interpol e FBI. Em entrevista ao Convergência Digital, o presidente da BigDataCorp, Thoran Rodrigues, admite que o viés é uma questão em alta no reconhecimento facial, mas sustenta que a tecnologia é boa e precisa ser usada para um fim específico em prol da sociedade.
“A nossa opção foi fazer um algoritmo, open source, para tirar o máximo possível de viés para se ter um sistema o mais perto possível da transparência necessária. Não fizemos um algoritmo para reconhecimento facial genérico. Nossa solução não ajuda a polícia a reconhecer alguém. Nosso algoritmo é para prevenir fraudes”, observa Rodrigues.
Para o executivo, é preciso desmitificar a decisão de AWS, IBM e Microsoft de não venderem mais diretamente para a polícia nos EUA. “Elas não estão vendendo com a marca delas. Mas vendem a tecnologia para terceiros revenderem. Elas não abriram mão do reconhecimento facial como mercado. Apenas restringiram o escopo para um segmento por tudo que aconteceu naquele país”, pontua Thoran Rodrigues.
No caso da BigDataCorp, as fotos das base de dados são enviadas para comparação por meio de uma API (Interface de Programação de Aplicações, em português, também chamado de web service), e podem ser tanto selfies do usuário quanto fotos de documentos oficiais. O cruzamento dos dados é realizado através do Facematch, ou comparação biométrica de rostos, que leva em consideração mais de 300 pontos de referência nas imagens, garantindo precisão mesmo que existam alterações no rosto devido à idade ou a mudanças cosméticas. Dessa forma, a comparação se dá totalmente independente das informações pessoais apresentadas e possibilita a identificação desses indivíduos, ainda que estejam utilizando documentos alterados.
“Esse é o mercado menos charmoso do big data, mas é muito essencial para diversas verticais como finanças, varejo e outros. As fraudes acontecem cada vez mais no mundo virtual”, reforça Rodrigues. Para o banco de dados recém-lançado, o investimento estimado é de R$ 1 milhão, oriundos de investimento interno. Dados da companhia mostram que são colhidos semanalmente informações em mais de 1,5 bilhão de sites ao redor do mundo – o que equivale a um volume de 7 petabytes – usando o processamento em nuvem que, em alguns casos, levanta mais de 10 mil servidores simultaneamente. Só no Brasil, a BigDataCorp monitora 28 milhões de sites e endereços.