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Taxa de rede das teles sufoca nuvem e CDN no Brasil

Estudo da Analysys Mason sustenta que cobrança desequilibra acordos de interconexão e cria custos com efeito em cascata nos serviços digitais.

Em reação ao avanço da proposta de cobrança de algum tipo de taxa de rede sobre “grandes usuários” de internet, big techs reunidas na Computer & Communications Industry Association (CCIA), aproveitam o maior evento global de telefonia móvel, em Barcelona, na Espanha, para divulgar um estudo da consultoria Analysys Mason sobre o impacto negativo que tal medida teria no mercado de nuvem e CDN no Brasil. 

Em essência, o estudo sustenta que a relação entre empresas de internet e teles já funciona com base em acordos de interconexão e que a imposição de uma cobrança adicional traz desequilíbrio e consequentemente remove qualquer incentivo ao investimento em infraestruturas próprias, como as redes de distribuição de conteúdo (CDNs) existentes em todas as principais operadoras que atuam no Brasil. E que novos custos teriam efeito em cascata sobre serviços de nuvem e de CDNs. 

“Concluímos que a imposição de taxas de utilização da rede criaria fricções, custos e perturbações num conjunto de serviços muito dinâmico que exige elevados investimentos. Isto poderá resultar num aumento dos custos para um número substancial de organizações, empresas e negócios, de uma vasta gama de dimensões e de uma vasta gama de setores”, diz o estudo, que cita “finanças, educação, saúde, varejo e bens de consumo, tecnologia, telecomunicações e transporte, bem como startups que podem usar serviços em nuvem para chegar rapidamente ao mercado”. 

Focado no Brasil, o estudo é patrocinado pelas partes diretamente interessadas – a CCIA reúne grandes plataformas digitais, como Amazon, Apple, Meta, Google, X (Twitter), Red Hat, Cloudflare e Uber, enttre outras. Essas empresas ressaltam que, em que pese a grita das detentoras de infrastrutura, já existe remuneração pelo uso das redes.

“Hoje, os provedores, incluindo provedores de nuvem pública e CDN e ISPs, continuam a negociar voluntariamente acordos de interconexão, como têm feito desde os primórdios da Internet. A introdução de regulamentação e mandatos para a interligação alteraria o equilíbrio destas negociações, mesmo quando os reguladores não especificam um nível de preços, o que por sua vez alteraria a dinâmica sobre a qual a infraestrutura da Internet é construída.”


“Independentemente de como a taxa está definida, reduz a capacidade e o incentivo dos fornecedores de nuvem e CDN para construir as suas redes, em detrimento da qualidade da experiência, e além disso pode ser transmitido aos utilizadores finais. Como todos os utilizadores finais são direta e indiretamente beneficiários da nuvem e das CDN, todos seriam impactados negativamente pela imposição de taxas de utilização da rede”, conclui o relatório da Analysys Mason. 

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