BB pede reavaliação dos controles para competir com bancos privados
Em sua jornada de transformação digital, o Banco do Brasil tem um desafio bem definido: integrar os mundos analógico e digital. De acordo com o vice-presidente de Tecnologia da instituição, Antônio Gustavo do Vale, isso ocorre porque o banco trabalha com dois tipos de clientes: o tradicional, que prefere o atendimento presencial, e aqueles que optam pelo atendimento digital.
“Para os primeiros, temos uma rede de quatro mil agências, mas ao mesmo tempo temos que expandir o atendimento digital”, disse. O segredo aqui é investir em uma cultura interna digital, porque são os funcionários que vão convencer os clientes tradicionais a adotar novos canais de atendimento. Mas os desafios não param por aí.
Na área de processos, o BB tem de ser exemplar em todos os sentidos. “Um banco público é manchete por qualquer coisa que seja inadequada em seus processos”, lembrou. Por isso, a área de TI do banco vem investindo em metodologias ágeis e na criação de laboratórios de pesquisa, que ajudam no aprimoramento desses processos.
Outro grande gargalo está nas pessoas. Por ser público, o BB não pode contratar especialistas com a agilidade necessária. Por isso mesmo tem optado por treiná-los internamente por meio de programas de migração para a área de TI. “Em 2017, tivemos 4 mil inscritos no programa, dos quais 110 foram selecionados e, hoje, trabalham como desenvolvedores”, comentou.
Por outro lado, esta busca é constante. “Como se aposentam aos 50 anos, não é raro que estes profissionais migrem para a iniciativa privada, por isso, nosso processo de ressignificação é constante”, revelou. Ainda sobre o pessoal, há uma questão cultural a ser enfrentada: a aversão ao risco. “O funcionário público tem uma tremenda aversão ao risco. Os controles existentes fazem com que ele tenha medo de tomar decisões”, disse.
Para Vale, é preciso reavaliar os níveis de controle para que as instituições públicas consigam agir na mesma velocidade dos bancos privados. “Temos que ter segurança, mas temos que ter agilidade compatível com o tamanho do banco”, diz. Assista à entrevista.