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Brasil descarta punir empresas norte-americanas por causa do tarifaço de Trump

Afirmação foi do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. "Não vamos devolver na mesma moeda, mas estamos vendo alternativas aos setores afetados". presidente Lula, no Chile, disse que o extremismo está reeditando práticas intervencionistas.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que o Brasil vá tomar qualquer medida de punição às empresas americanas instaladas no Brasil por conta do tarifaço de Trump, prometido para vigorar a partir de 01 de agosto. “Não está na ordem de considerações do Brasil.O fato de estarem prejudicando empresas brasileiras lá que tem relações históricas com os Estados Unidos não pode nos fazer querer devolver na mesma moeda”, sustentou o ministro em entrevista à rádio CBN.

Haddad garantiu ainda que um grupo de trabalho está dedicado a apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) as alternativas de reação à tarifa de 50%, como a Lei de Reciprocidade, ou “eventual apoio” aos setores mais prejudicados. Haddad afirmou que as medidas de um plano de contingência “não necessariamente” vão implicar gasto primário.

Segundo ele, o governo brasileiro está atento aos efeitos setoriais do tarifaço e não vai deixar em “desalento” o trabalhador brasileiro. O ministro disse que o governo está trabalhado em nível de empresa, não mais de setor, para ter a radiografia completa dos impactos. “Nós vamos atuar para minimizar o máximo essa agressão que estamos sofrendo”, disse.

O ministro lembrou que mais da metade do que é exportado para os Estados Unidos pode ser enviado para outros países. “Só que isso leva algum tempo. Tem contrato assinado que está sendo rompido. Estados Unidos que se gabam de respeitar os contratos, estão desrespeitando os contratos que estão assinados”, lamentou Haddad.

Extremismo x democracia


Em visita ao Chile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o “extremismo” está reeditando “práticas intervencionistas” como forma de atacar a democracia. Apesar de não ter citado os Estados Unidos diretamente, a afirmação é uma clara referência à decisão do presidente americano, Donald Trump, de anunciar sanções contra os produtos brasileiros e também contra membros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Sem novo modelo de desenvolvimento, democracia seguirá ameaçada por aqueles que colocam seus interesses econômicos acima da pátria. América Latina e Caribe são força positiva na promoção da paz e multilateralismo. Neste momento em que extremismo tenta revisitar práticas intervencionistas, América Latina e Europa precisam atuar juntas. A defesa da democracia não cabe somente a governos, mas requer participação da academia, parlamentos, mídia e setor privado”, enfatizou.

Lula abordou o tema ao participar da reunião de alto nível intitulada “Democracia Sempre”, cujo objetivo é discutir a defesa dos regimes democráticos e a soberania. O encontro aconteceu em Santiago, no Chile, e foi organizado pelo presidente do país, Gabriel Boric. Também marcaram presença na reunião os líderes de Colômbia, Gustavo Petro, Espanha, Pedro Sánchez, e Uruguai, Yamandú Orsi.

A próxima reunião do grupo será em setembro, quando todos irão a Nova York (EUA) para participarem da Assembleia-Geral da ONU. O presidente brasileiro defendeu, neste sentido, que os países têm que se encontrar com mais frequência diante do “agravamento” dos ataques à democracia.

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