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Brasil investe apenas 30% do potencial econômico da inteligência artificial

Segundo Cepal, país lidera IA na América Latina. Região investe 1,56% do total global, apesar de ser 6,3% do PIB

Um relatório da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) revela que a região está significativamente atrasada na adoção de inteligência artificial (IA), com investimentos que representam apenas 1,56% do total global (US$ 2,6 bilhões em 2023), apesar de responder por 6,3% do PIB mundial. No entanto, mesmo com essa lacuna, a IA já contribui para o crescimento econômico, especialmente no Brasil e no México, onde o impacto anual chega a US$ 5,3 bilhões em cada país.

O estudo, financiado pela União Europeia, destaca que Brasil e México concentram os maiores gastos em IA na região, seguidos pelo Chile, que surpreende ao superar economias maiores como Argentina e Colômbia. Enquanto o Brasil investiu US$ 1,08 bilhão em 2023, o Chile destinou US$ 163 milhões — valor proporcionalmente alto quando ajustado por população e PIB. Já Argentina e Peru aparecem entre os mais atrasados, com investimentos abaixo da média regional.

Segundo a Cepal, mesmo o valor dos aportes no Brasil na nova onda tecnológica, esse valor é cerca de 30% do que seria proporcional à dimensão econômica do país, estimado em US$ 3,46 bilhões, frente aos ganhos potenciais da IA.

 O modelo econométrico desenvolvido pela Cepal mostra que um aumento de 1% no gasto com IA eleva o PIB em 0,036%, impulsionado principalmente pela produtividade do trabalho qualificado. Contudo, a IA ainda não demonstra efeitos significativos sobre a produtividade do capital (máquinas e infraestrutura). O documento reforça que Brasil e México lideram em impacto econômico, com ganhos anuais de US$ 5,3 bilhões cada, com a Argentina em terceiro lugar, com US$ 250 milhões anuais. IA generativa (como ChatGPT) começa a influenciar a produtividade, mas os dados ainda são incipientes.

A Cepal alerta que o baixo nível de mão de obra qualificada na região — apenas 22% dos brasileiros e mexicanos têm educação terciária, contra 65% no Canadá — limita o potencial da IA. “Sem políticas agressivas de capacitação e incentivo à adoção tecnológica, especialmente em pequenas e médias empresas, a região ficará ainda mais para trás”, afirma o economista Juan Jung, coautor do estudo.


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