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CLT Digital: Dataprev testa tecnologias para remunerar cidadão pelo uso dos seus dados

Estatal aproveita nova plataforma de consignado para avaliar ferramenta. “Se acontecer, estaremos preparados”, diz Rodrigo Assumpção

Cobertura especial . Febraban Tech 2025

A Dataprev começou a testar tecnologias que viabilizem a remuneração do cidadão pelo uso de seus dados. A revelação veio de forma discreta, durante uma apresentação do presidente da estatal, Rodrigo Assumpção, durante a Febraban Tech 2025.

Ao apresentar o desenvolvimento da plataforma do Crédito do Trabalhador, que via CLT Digital mira empréstimos consignados na mesma linha do INSS, Assumpção disse que o sistema também inclui recursos que permitem a gestão de dados pessoais associada a retorno financeiro.

“Não estou falando do CPF, dos dados pessoais. Mas o dado de que foi feito um empréstimo com o banco tal pode ter interesse do mercado. Os dados de milhões de empréstimos. Não vou vender dado. Não se trata disso. Estamos experimentando tecnologias que permitem esse uso dos dados. Algo sobre o que existe, inclusive, uma proposta de legislação a respeito. Se acontecer, estaremos preparados”, explicou.

Ele se refere ao projeto de lei complementar 234/23, apresentado pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que cria um mercado de venda de dados pessoais. Ele prevê um Ecossistema Brasileiro de Monetização de Dados, ao qual quem coletar e usar dados online precisa necessariamente aderir formalmente. E visa assegurar “a participação do titular dos dados nos resultados econômicos decorrentes” do uso de seus dados.

Indagado a respeito, Rodrigo Assumpção evitou detalhes, reforçando o caráter de conhecimento sobre as ferramentas. “É uma experimentação de tecnologias que permitem isso, se houver interesse das pessoas e do sistema”, disse o presidente da Dataprev.


Plataforma

O Crédito do Trabalhador já soma R$ 14,6 bilhões em empréstimos consignados aprovados desde que entrou em operação em março. Para o presidente da Dataprev, é mais um desdobramento da capacidade de uso de dados pelo Estado brasileiro.

“Poucos países estão tão avançados na estruturação de dados como o Brasil. Essa preparação determina a capacidade de reagir e de implementar políticas públicas. Graças a isso, fomos o país que mais rápido estabeleceu benefício durante a pandemia de Covid-19”, lembrou Assumpção.

O sistema permite ao trabalhador indicar interesse em empréstimo consignado por meio da Carteira de Trabalho Digital, recebendo propostas de instituições financeiras, supostamente com taxas de juros mais baixas graças ao uso de dados.

“Nossa expectativa é que isso diminua substancialmente o risco das operações e se traduza na redução das taxas de juros”, afirmou Assumpção. Nesse começo, com taxas que vão de 4,9% a 7,9%, ainda estão muito acima dos juros cobrados pelo consignado do INSS, com média de 3,4%. “O governo entende que não se justifica essa disparidade”, disse.

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