Com R$ 1,3 milhão do BID, Anatel vai medir falta de internet a cada 600 metros
A Anatel anunciou nesta terça, 11/5, que começa a desenvolver, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, uma ferramenta para medir a carência de conectividade, fixa e móvel, em todo o território brasileiro com granularidade inferior a 1 km. O objetivo é munir setor público e privado de informações mais precisas sobre o gap digital, como forma de otimizar os investimentos.
“O foco está na identificação de áreas de baixa conectividade e oportunidades de potenciais investimentos para democratizar o acesso. Isso exige um instrumental sofisticado de análise de dados. Os resultados serão apresentados em microgranularidades, de 600 metros a 1 km, em todo o território brasileiro. Essa plataforma vai identificar a demanda não atendida de serviços de banda larga em nível nacional e realizar a análise de viabilidade econômica financeira para conectar”, explicou o presidente da agência, Leonardo de Morais.
Não se trata de uma meta trivial. Segundo dados de uma pesquisa ainda inédita antecipados pelo BID, o Brasil precisa de aproximadamente R$ 100 bilhões para garantir o nível de conectividade das economias mais prósperas. “Estimamos uma lacuna de mais de US$ 20 bilhões para que Brasil alcance a média de penetração de banda larga dos países da OCDE, sendo que 30% é para a conectividade das áreas rurais”, afirmou o representante do BID no Brasil, Morgan Doyle. “Se atingir essa média, o país pode ter um crescimento de 6,25% no PIB e a criação de quase 3 milhões de empregos diretos.”
O desenvolvimento da ferramenta faz parte de um acordo de cooperação firmado entre Anatel e BID ainda em abril e que no caso específico da análise das lacunas de conectividade terá US$ 250 mil, ou cerca de R$ 1,3 milhão, por meio do BID Invest – o braço do BID que viabiliza financiamentos diretos. Segundo o responsável pelo projeto no banco de fomento, Luis Guillermo Lopez, a plataforma vai usar dados automaticamente coletados pela Ookla e cruzá-los com imagens que medem onde estão os brasileiros de dia e de noite, além de dados socioeconômicos.
“Vamos fazer a comparação entre oferta e demanda. Usaremos fotos com classificação por inteligência artificial, ‘mapas da noite’, de construções, com resolução de 30 metros. E com a Ookla podemos verificar a aglomeração de pessoas durante o dia. Com os dados de crowdsourcing, backgroud e speedtest vamos ver quem tem 2G, 3G, 4G, 5G e mesmo WiFi. A Ookla tem 10 mil servidores em todo o mundo, sendo 5 mil deles no Brasil, país que tem a melhor medição de qualidade dessa ferramenta, e por isso estamos trabalhando com ela”, destacou Lopez.