Consumo de nuvem vai crescer 60 vezes em cinco anos no mundo
Apesar da computação em nuvem figurar na agenda das empresas há mais de uma década, o tema segue na pauta dos executivos, o que mostra que ainda há muito a fazer nesta área. Moyses Rodrigues, diretor de Infraestrutura e Segurança Cibernética na Accenture, destacou que o consumo de nuvem vai crescer 60 vezes em cinco anos. Falando do Brasil, ele afirmou que, entre cinco e dez anos, 75% dos workloads brasileiros estarão na nuvem. Os dados foram apresentados em painel no Futurecom 2018 que debateu os caminhos da computação em nuvem no País.
Leonardo Menezes, gerente-sênior de produtos e ofertas TIC da Oi, ressaltou que computação em nuvem é um modelo de negócios e comparou a nuvem pública com uma loja de conveniência. “A cloud pública foi a primeira com modelo de negócios de forma compartilhada, multitask com vários clientes, com diluição de investimento para ser acessível para todo mundo. E ela foi importantíssima para o mercado. As startups são hoje viáveis por esse modelo”, reiterou.
Em meio a diferentes modelo de negócios, conceitos como multicloud e cloud broker têm surgido como facilitadores para as empresas gerenciarem múltiplos ambientes. Alexandre Glikas, diretor-geral da Locaweb Corp, apontou que cloud broker representará 40% do crescimento das nuvens públicas em dez anos e lembrou que há uma “pressão gigantesca” em cima dos CIOs para levar tudo pra nuvem. “Mas é preciso entender o que faz sentido, qual aplicação, para qual nuvem, qual tecnologia e qual será o custo-benefício”, acrescentou.
Na mesma linha, Rafael Marquez, diretor de Marketing para o segmento Top Clients da TIM, disse que não se trata de um trade-off entre nuvem pública, híbrida, privada ou multicloud, mas, sim, de uma e outra, a depender da aplicação ou infraestrutura que se deseja virtualizar. “Quando a indústria quer colocar algo da moda, gera susto. Por trás disso há sistemas legados, missões críticas. Uma startup é muito mais fácil para colocar na nuvem. Com empresas mais maduras, há dilema do que levar; não é 100%, tem de escolher o que faz mais sentido”, alertou.
Em outras palavras, é saber identificar quais workloads e aplicações devem ir para nuvem. Marcos Omura, diretor Regional de Vendas na Dell EMC, acrescentou que as questões regulatórias também devem ser avaliadas, principalmente, quando se trata do sistema financeiro. Se antes a questão econômica era o que puxava a ida para nuvem, agora, salientou Omura, começam a ser considerados outros comportamentos. “Que tipo de aplicações faz sentido levar pra nuvem? Em latência, preciso ter esse processamento na nuvem ou no edge?.”
Nuvem e novas fronteiras de tecnologia
A tecnologia 5G tem uma arquitetura desenhada para nuvem e por isto pode provocar mudanças nas teles. Alessandro Nascimento, gerente de Soluções de Cloud na Nokia, explicou que, quando as telcos começam a caminhar para 5G, precisam ter novos modelos de negócio, saindo, definitivamente, de somente voz e dados.
Miguel Pastor Faria, líder técnico de Vendas na Huawei, lembrou que o 5G vai necessitar de flexibilidade e dinamismo muito maiores por parte da infraestrutura e vai precisar de escalabilidade. “Cloud é necessidade para o 5G acontecer e com IoT é parecido. Cada vez mais vamos precisar de aplicações que necessitem de processamento na borda”, apontou, acrescentando que a conectividade deverá ser muito elevada para suportar 5G na borda e para IoT, além de capacidade massiva de processamento para data lakes cada vez maiores e inteligência artificial para fazer o processamento automático e massivo. “Cloud é meio, não é fim. Ninguém fala que tem que ir pra cloud porque sim, é apenas instrumento tecnológico e econômico que vai ajudar as organizações a se adaptarem a novas demandas”, destacou Faria.
Infraestrutura
Para suportar a computação em nuvem, a infraestrutura de telecomunicações precisará ser cada vez mais robusta. “Há cinco anos, os principais players multiplicaram o tráfego, e os cabos internacionais do Brasil multiplicaram a capacidade por três. Pode acontecer no futuro que falte cabo, falte infraestrutura e [computação em nuvem] precisa de infra e de capacidade”, disse Rogério Garchet, diretor de Marketing da Algar Telecom, que integra o consórcio do recém-inaugurado cabo Monet.
Ao comentar o impacto das plataformas abertas e software livre, como OpenStack, para o ecossistema de nuvem, Alexandre Salomão, diretor de Vendas da Infinera, salientou que é preciso trabalhar em plataforma horizontal, simplificar a rede com a parte de desagregação, separando hardware de software. “Temos conceito de whitebox. Não precisa ter segurança no hardware, pode ter hardware genérico. É a inteligência embarcada é que vai fazer a diferença.”