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Dependente de big techs, Brasil é 45º em ranking global de soberania digital

Em escore de 0 a 100, Brasil somou apenas 2,44. Líder Finlândia tem 64,50.

Enquanto discussões sobre soberania digital ganham força em todo o mundo, impulsionadas por preocupações com proteção de dados, dependência de grandes fornecedores e autonomia política, o Digital Sovereignty Index (DSI), ou índice de soberania digital, da Nextcloud, traz uma fotografia de como países adotam ferramentas digitais, revelando disparidades marcantes entre nações. Na lista com 57 países, o Brasil figura em 45º, com apenas 2,44 pontos. A líder Finlândia tem 64,5.

Segundo o DSI, a Finlândia é impulsionada pela forte presença de soluções próprias para armazenamento de arquivos, softwares colaborativos e hospedagem de serviços de colaboração e comunicação. Já o Brasil tem um desempenho que evidencia a baixa adoção de infraestrutura digital independente no país.

O DSI mede o uso relativo de 50 das ferramentas auto hospedadas mais relevantes para colaboração e produtividade, incluindo plataformas de compartilhamento de arquivos, videoconferência, gestão de projetos e anotações. Para chegar ao resultado, foram contabilizados servidores visíveis na internet a partir de dados do Shodan.io, ajustados pela população e normalizados em uma escala de 0 a 100.

Os números revelam que, embora o debate sobre soberania digital esteja cada vez mais presente, a prática ainda é limitada em muitos lugares. Na Europa, a maioria dos governos continua dependente de soluções de grandes fornecedores como Microsoft e Google. Mas, em alguns países, a sociedade civil adota caminhos distintos: na Alemanha, por exemplo, a população e pequenas empresas têm presença mais forte de ferramentas abertas e auto hospedadas do que certas áreas do setor público. Estados como Schleswig-Holstein vêm alinhando suas políticas à preferência por infraestrutura própria, em contraste com órgãos que seguem dependentes do Microsoft 365.

Os autores do índice alertam para limitações metodológicas: a análise detecta apenas servidores publicamente acessíveis e não mede volume de dados, número de usuários ou controle sobre a infraestrutura. Ainda assim, os resultados oferecem um panorama comparativo que evidencia onde já existe base tecnológica para a soberania digital — e onde há espaço para crescimento.


No caso brasileiro, a colocação distante dos líderes indica que, apesar de avanços no debate sobre proteção de dados e segurança cibernética, ainda há um longo caminho para ampliar o uso de ferramentas autônomas que reduzam a dependência de fornecedores estrangeiros e aumentem o controle sobre ativos digitais estratégicos.

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