Governo

“Espero que dinheiro da base de Alcântara não vire outro FUST”, diz Marcos Pontes

Com estimativas otimistas de que o Brasil pode morder metade do mercado mundial de lançamento de foguetes, graças à posição privilegiada da base de Alcântara, no Maranhão, o governo foi ao Senado Federal nesta quinta-feira, 28/3, defender o acordo de salvaguardas tecnológicas assinado com os Estados Unidos.

A uma plateia de senadores majoritariamente favorável ao acordo, o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, acenou com o uso comercial da base de lançamentos como a garantia de recursos para o programa espacial brasileiro. Desde que o dinheiro seja mesmo aplicado no setor.

“Eu compartilho do medo de que esse dinheiro se transforme em outro Fust. Então temos que fazer algo para que o dinheiro seja utilizado. Por enquanto, isso está sendo estruturado. A ideia que vou empurrar é que seja uma organização específica e que os recursos sejam utilizados para o desenvolvimento espacial brasileiro e para o desenvolvimento local lá. O que não quero é que vá para um fundo geral ao qual a gente não tem acesso”, afirmou Marcos Pontes.

Segundo o ministro, “muita coisa é diferente” do acordo semelhante negociado no início dos anos 2000 pelo governo Fernando Henrique Cardoso, que acabou sendo abandonado. Sem dar detalhes, Pontes afirmou que “esse acordo agora atendeu praticamente todos os pontos que foram criticados anteriormente. O Brasil controla o centro. Não existe nenhuma hipótese de qualquer outro país controlar uma coisa que é nossa”.

O que foi firmado com o governo dos Estados Unidos é um acordo de salvaguardas tecnológicas. Por ele, os EUA autorizam que sejam lançados do Brasil foguetes que contenham componentes americanos. Em troca, o Brasil garante que a tecnologia americana não será acessada. “O acordo com os EUA é fundamental para o uso comercial da base porque 80% das partes dos artefatos lançados ao espaço, dos EUA ou não, têm tecnologia americana”, afirmou Pontes.


Nas contas do ministro, se o Brasil ficar com 1% do mercado global de US$ 350 bilhões, são US$ 3,5 bilhões por ano para o programa espacial brasileiro e para as comunidades que vivem próximas à base. Mas essa é uma estimativa inflada. O que vale US$ 350 bilhões por ano é todo o mercado aeroespacial – do qual o mercado de lançamentos representa apenas 2%. Ficar com 1% daquele total, portanto, é abocanhar metade do mercado mundial de lançamentos.

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