Estamos presos no presente
“Daqui a poucos anos quando desejamos enviar uma mensagem urgente, compraremos um formulário-padrão no qual escreveremos ou datilografaremos aquilo que quisermos dizer. Na agência local introduz-se o formulário numa máquina de esquadrinha as marcas no papel e as converte em sinais elétricos. Estes serão enviados pelo rádio para o mais próximo satélite, localizado na direção apropriada ao redor da Terra, e captados no destino onde serão reproduzidos sobre um formulário em branco idêntico àquele em que escrevêramos. A transmissão por si mesma levará uma fração de segundo; a entrega porta a porta aumentará esse tempo em várias horas, mas um dia cartas nunca demorarão mais de 24 horas entre dois pontos quaisquer da Terra.”
Este é um trecho do livro “Perfil do Futuro”, escrito em 1962 por Arthur Clarke. Para alguém do século XXI, fica claro que ele está falando do fax, que só viria a se popularizar uma década mais tarde. Ainda que o próprio fax já tenha, em parte, ignorado o conceito das “agências”, o conceito de “porta a porta”, porém, só se tornou real com o e-mail, mais duas décadas adiante.
Isso, claro, sem pensar nos telefones celulares e smartphones.
De qualquer forma, a previsão de Clarke sobre o futuro da comunicação é realmente incrível, mas ele foi traído por um pequeno detalhe que ele não previu: O futuro.
É impossível, em qualquer época, prever aonde a tecnologia vai nos levar. E este nosso momento de ebulição tecnológica no caminho dos veículos autônomos também sofre deste mal. Hoje há um consenso quase geral de que vamos chegar a um dia dominado pelos veículos autônomos.
Ledo engano. Assim como no caso das mensagens instantâneas, o computador pessoal chegou arrebentando quaisquer previsões, muitas coisas acontecerão antes de chegarmos a este momento que todos “sabemos” que chegará. Será que chegará?
Tentando explicar a razão para esta imprevisibilidade, citarei outra frase do livro escrito por Arthur Clarke há 55 anos, mas que continua totalmente atual.
“Nossa época está, em muitos sentidos, única, cheia de acontecimentos e fenômenos que nunca ocorreram antes nem jamais ocorrerão de novo. Tais fatos distorcem nosso pensamento, fazendo-nos acreditar que aquilo que é verdade agora será verdade sempre.”
Convergência
Duas das empresas que mais têm investido no futuro da mobilidade estão se unindo. A Volvo Cars e o Google fecharam uma parceria tecnológica para desenvolver a próxima geração da interface de infotainment da marca sueca com tecnologia da empresa norte-americana. Esta união permitirá a oferta de acesso a uma variedade de aplicativos e serviços. E deverá estar disponível nos novos modelos Volvo dentro de dois anos.
A parceria tecnológica promete ainda revolucionar o modo como os clientes da fabricante sueca interagem com os veículos. O grande catálogo de aplicativos populares do sistema Android – desenvolvidos por Google, Volvo ou terceirizados – oferecerá serviços conectados dentro e também ao redor do carro.
Esta iniciativa entre as empresas reflete a convergência contínua das indústrias automotiva e de tecnologia. Isso ocorre à medida que os carros se tornam cada vez mais conectados. A Volvo acredita que acordos inteligentes desse tipo são o futuro para o setor automobilístico.
Inteligência japonesa
A Honda irá acelerar ainda mais os seus esforços de inovação aberta que utilizam inteligência artificial, big data e tecnologias robóticas para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Para isso, a marca fará uma exposição com foco no conceito de “Ecossistema de Mobilidade Cooperativa” em sua participação na CES Asia 2017. A feira de tecnologia e eletrônicos, acontece em Xangai, na China, de 7 a 9 de junho.
Entre os conceitos que serão apresentados estão o Honda NeuV (foto). Um conceito de miniveículo elétrico automatizado. Ele é equipado com um mecanismo de inteligência artificial denominado “motor emocional”. Isso permite que as máquinas gerem artificialmente suas próprias emoções.
Outro item desta filosofia é o Conceito Safe Swarm. Trata-se de uma proposta da Honda para promover um fluxo de tráfego suave usando tecnologias de conectividade.
Autônomos e elétricos
Veículos inovadores, sem condutores, serão construídos na joint venture entre e.GO Moove, estabelecida entre a fabricante de autopeças e tecnologia automotiva ZF e a e.GO, startup de carros elétricos. A meta da parceria é desenvolver, produzir e vender veículos inovadores, transportadores autônomos de pessoas e cargas.
O primeiro protótipo foi apresentado recentemente no campos da RWTH Aachen University. “Veículos e-shuttle autônomos, conectados e assim altamente flexíveis desempenharão um papel significativo em áreas urbanas e metropolitanas do futuro como modalidades de transporte seguras, confortáveis, eficientes e ambientalmente corretas”, explica o Dr. Stefan Sommer, CEO da ZF AG.