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Exclusivo – Serpro aciona Nuvem Soberana: cofres são das big techs, mas só o governo tem a chave

Serviço será ativado em março e combina estrutura própria com AWS, Google, Huawei, Oracle e Microsoft

Com investimentos de R$ 700 milhões e uma combinação de infraestrutura prévia com a aquisição de equipamentos das maiores big techs do setor, o Serpro aciona nos próximos dias o que chama de Nuvem Soberana: uma cloud privada para onde já começam a migrar todos os dados federais considerados sensíveis ou estratégicos.

Em uma conversa em que revelou com exclusividade para esta Convergência Digital a chegada dos últimos equipamentos e o início das operações dessa Nuvem Soberana, o presidente do Serpro, Alexandre Amorim, usou uma analogia para explicar como uma infraestrutura que combina stacks das big techs multinacionais se traduz em soberania de dados para o Brasil.

“É como termos um ambiente onde toda nossa informação está guardada dentro de um cofre, na verdade de vários cofres, que só eu tenho a chave, só eu sei os segredos que tem lá e só eu consigo acessar. A tecnologia desses cofres não foi eu que desenvolvi, mas consegui comprar no mercado a melhor tecnologia, a melhor estrutura e ela agora é minha. Tenho o domínio da propriedade, faço a transferência de tecnologia para saber usar todos os ferramentais que ela possui, e os dados que estão lá dentro só eu consigo apertar o código para acessar e trabalhar aquelas informações”, disse Amorim.

Em grande medida, o movimento busca transferir para a nuvem o que antes o Serpro fornecia a partir de seus próprios datacenters, instalados em Brasília e São Paulo, quando tudo rodava on premises. Algo que a maior estatal de TI do país, responsável por 90% dos sistemas estruturantes do governo federal – como os dados da Receita Federal – fez por uma demanda dos clientes pela flexibilidade da nuvem.

“O Serpro lançou, ainda em 2023, a nuvem de governo. E, desde então, ela vem funcionando com equipamentos e com tecnologia 100% do Serpro. De lá para cá fomos adquirindo fornecedores, ampliando o nosso leque de parcerias, trazendo outras empresas, as big techs, para dialogar conosco. Foi um processo de concertação, ampliando aquilo que o Serpro já oferece de soberania de dados e, agora, instalando equipamentos de última geração de provedores, como AWS, Google, Huawei, Oracle e Microsoft no nosso datacenter”, disse o presidente do Serpro.


Como revelou, “os equipamentos já foram entregues, uma quantidade enorme de equipamentos, todos eles da última tecnologia e que vêm sendo configurados aqui no nosso centro de dados, em Brasília. A previsão para a primeira stack, desse primeiro conjunto de equipamentos, é habilitar até meados de março. Então, em meados de março vamos estar funcionando com a mesma tecnologia de ponta que o governo norte-americano possui. Em maio, junho, teremos um outro conjunto de equipamentos habilitados – e é importante registrar que todos já estão aqui”.

Diversos workloads do poder público já vêm migrando para essa nova configuração, a partir de uma exigência do governo federal. Desde abril do ano passado começou a vigorar a Portaria 5.960/23, pela qual a Secretaria de Governo Digital do Ministério da Gestão determinou que somente dados sem restrição de acesso podem estar em nuvens tradicionais, inclusive comerciais, mas todos os demais devem necessariamente ser gradualmente transferidos para uma nuvem de governo provida por empresas públicas.

“Algumas informações, um conjunto de dados, já está hospedado na nossa nuvem do Serpro. O primeiro exercício que estamos realizando é separar os dados estruturantes, os dados sensíveis migrados, dessa nuvem pública para a nossa nuvem privada, que são nesses novos ambientes, das stacks. Os ministérios têm um período para se adequar e fazer a transferência das suas informações para ambientes que essa norma qualificou como nuvem de governo. Estamos nesse processo”, explicou Amorim.

Muito desse trabalho está avançado. “Já temos contratada quase 86% de uma das stacks. Então, na hora que ligarmos essa stack, 86% vai estar ocupada. E quando ligarmos outra stack em maio, ela já vai estar ocupada com 63%. Então a gente já tem demanda caminhando para isso. Os workloads já estão sendo migrados. É um processo pedagógico, não de convencimento, mas é didático explicar para os nossos clientes e para os gestores que os dados sensíveis precisam estar guardados em uma nuvem soberana. Temos que criar condições para que o governo preste o melhor serviço, para que esses dados não vazem, não sejam corrompidos, não sejam dados outros fins. Porque essas informações elas valem muito.”

Como explica o superintendente de Arquitetura Corporativa, Plataformas Inteligentes e Engenharia de Nuvem do Serpro, Welsinner de Brito, os primeiros equipamentos acionados na Nuvem Soberana são da AWS. “O AWS Outpost é a menor das aplicações que vamos trazer para a Nuvem de Governo. E, por isso, ela chega primeiro.” Esses equipamentos chegaram ao datacenter do Serpro ainda em outubro do ano passado. Em dezembro, chegou o Google Distributed Cloud (GDC) Air-Gapped, tecnologia de serviços gerenciados para processamento, armazenamento e soluções avançadas de Inteligência Artificial.

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