
O uso de tecnologias de inteligência artificial cresce em diversos campos, inclusive para fraudes. E isso exige do poder público a capacidade de adotar ferramentas mais seguras de validação, como já fazem bancos, lojas e casas de apostas. É o que defende o ex-secretário de Governo Digital e hoje vice-presidente de Relações Governamentais da Unico, Luís Felipe Monteiro. A empresa brasileira lidera o mercado identificação por biometria facial no país.
Monteiro sustentou, em debate no Tech Gov Fórum Brasil, realizado em Brasília pela Network Eventos, que essa tecnologia é a melhor ferramenta de identificação e validação existente e que o uso deve ser ampliado para além do cadastro inicial ou da abertura de contas, sejam em instituições particulares ou públicas.
“A biometria facial é o mecanismo de maior acuracidade, de precisão na identificação de quem está do outro lado do celular ou do outro lado do computador. Mas hoje é usada mais para o onboarding, para o cadastro do usuário no Gov.br. Mas isso não é suficiente, porque na linha do tempo, na jornada de uso, há alguns serviços de alto risco, tanto para o governo quanto para o cidadão, como o pagamento de benefícios sociais, uma averbação de consignação do INSS, de um aposentado. Essas transações de alto risco também deveriam ser validadas com uma nova verificação biométrica”, afirmou.
E em tempos de IA em todo lado, a tecnologia empregada precisa ser capaz de lidar com novas fraudes, como deepfakes. “É importante que essas tecnologias também estejam protegidas contra os novos ataques por inteligência artificial generativa. Tem que ser uma tecnologia robusta. Na Unico desenvolvemos essas tecnologias para o mercado financeiro, varejo, para as famosas bets e agora estamos inaugurando uma indústria de governo”, disse Monteiro.
Para ele, os órgãos públicos precisam fazer um raio x dos serviços que oferecem para identificar as transações de maior risco, que deveriam ser alvo de verificações adicionais. “Seja pelo caminho de contratar soluções ou até mesmo desenvolver internamente, se as empresas públicas, como Serpro e Dataprev, tiverem essa capacidade, é um caminho a se seguir. Hoje, os bancos usam biometria facial para validar um Pix de um valor muito elevado, ou uma contratação fora do padrão. Aí pede uma nova verificação biométrica. E isso é saudável. No caso dos governos e dos serviços públicos, também é o caso da verificação biométrica em transações de alto risco.”