Greve no Serpro: Acusações azedam negociações entre estatal e trabalhadores
O clima azedou entre a direção do Serpro e os representantes dos trabalhadores em greve. Depois de uma série de reuniões que culminaram em uma nova proposta da estatal, a empresa distribuiu um aviso pelo WhatsApp sugerindo que os termos apresentados pelos sindicatos aos trabalhadores, que decidiram manter o movimento, seriam diferentes do que apresentou. As entidades rebatem e dizem que o Serpro fez mudanças depois da última reunião.
A diferença não chega a ser gritante, mas faz alguma diferença no contracheque. Na quinta-feira, os empregados do Serpro avisaram que manteriam a greve diante do que foi oferecido: reajuste de 7,28%, com suspensão, por ainda em negociação com o governo, de três pontos do acordo coletivo de trabalho: adicional por tempo de serviço, licença prêmio e auxílio a filho com deficiência.
Após essa reunião, porém, o Serpro divulgou duas versões de um ‘card’, nos quais sugere que os trabalhadores foram mal informados. Em um, o título é “Falando a verdade”. No outro, “Não se deixe enganar”. Em ambos, o cerne da divergência seria a incidência do reajuste de 7,28%.
Segundo a representação sindical, a direção do Serpro, questionada expressamente sobre isso na reunião, teria indicado que o percentual seria sobre o salário de referência. Mas quando a empresa fez a divulgação aos empregados, alegou que não era nada disso, que os 7,28% também incidem sobre as tabelas salariais – o que incluiria os demais itens no contracheque.
Outro ponto seriam as três cláusulas do acordo coletivo que ainda não teriam confirmação de serem renovadas. O Serpro sustenta que a proposta já contempla o adicional por tempo de serviço e a licença-prêmio para os atuais empregados. E que somente a questão do auxílio para filho deficiente ainda estaria em negociação com o Ministério da Economia.
Os representantes sindicais rebateram também com um ‘card’, no qual acusam o Serpro de ‘Fake News’. A nota aos trabalhadores da estatal sustenta que o que foi divulgado pela empresa é diferente do conversado nas mesas de negociação e que isso poderá ser provado com a divulgação da ata da reunião. Mas a ata ainda não estava disponível até a noite de sexta, 19/8, porque falta a assinatura dos representantes do Serpro.
O efeito prático é que também até a noite de sexta 19/8 não havia mais confirmação de uma nova tentativa de negociação entre empregados e empresa, que inicialmente se imaginava aconteceria na próxima segunda, 22/8, com nova reunião entre as partes. Ao menos por enquanto, não há mais data certa para essa nova reunião.