Plano tem IA generativa brasileira em 12 meses, R$ 23 bilhões e 31 ações de impacto
Ao abrir a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação nesta terça, 30/7, o presidente Lula destacou a apresentação do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, que alinha 31 ações de impacto e prevê investimentos de R$ 23 bilhões até 2028.
As diversas ações miram em diferentes setores, como agricultura; defesa, segurança pública e cibernética; educação; desenvolvimento social; gestão do serviço público; indústria, comércio e serviços; meio ambiente; saúde e emprego.
Entre essas medidas de impacto, o plano prevê a compra de um supercomputador, em valor estimado de R$ 1,8 bilhão, que seja uma máquina entre as cinco melhores do mundo. Adicionalmente, outros cinco supercomputadores para cada um dos centros de supercomputação regionais (R$ 125 milhões).
E como exigido pelo presidente, o PBIA prevê o desenvolvimento de uma IA generativa brasileira. O plano prevê investimento de R$ 1,1 bilhão para criar e aprimorar uma base de dados nacionais para treinamento de IA, de um lado para reduzir a dependência externa mas também inserir a diversidade e as especificidades do Brasil. A meta é a construção de um modelo de LLM robusto para português em 12 meses.
No total, são 54 ações, sendo 31 de impacto imediato (R$ 435,04 milhões), Infraestrutura e Desenvolvimento de IA (R$ 5,79 bilhões), Difusão, Formação e Capacitação em IA (R$ 1,15 bilhão), IA para Melhoria dos Serviços Públicos (R$ 1,76 bilhão), IA para Inovação Empresarial (R$ 13,79 bilhões), e Apoio ao Processo Regulatório e de Governança da IA (R$ 103,25 milhões).
Lula festejou o plano e prometeu tirar do papel. “Essa proposta não pode ficar numa gaveta. Semana que vem já vamos ter reunião com os ministros para apresentar a proposta de política de inteligência artificial e a partir daí tomarmos decisões para essa coisa acontecer de fato e de direito. E espero que isso não seja tratado como algo menor, insignificante”, disse o presidente.
Para Lula, “nossa IA começa em os dados estarem compilados e a disposição da sociedade”, em oposição ao uso sem autorização pelas big techs, pontuou. “Nada mais é a que a capacidade de coletânia de todos os dados, e as big techs fazem isso sem pedir licença, sem pagar imposto, e ainda ficam ricos divulgando o que nem deveria ser divulgado. Será que nós, com 200 milhões de habitantes, com uma base intelectual respeitada, não podemos criar nosso próprio mecanismo? E não ficarmos esperando IA dos EUA, da China, da Coreia, do Japão.”
Para a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, os R$ 23 bilhões são comparáveis aos investimentos públicos de países europeus. “Esse plano é ousado e viável ao mesmo tempo. Tem um invstimento público que se equipara aos invstimentos públicos da União Europeia. Vamos chegar com força, com alternativas viáveis, factíveis. Cada pessoa e cada coisa conectada à internet produz dados. O Brasil tem muitos dados, cobiçados pelas grandes big techs. Vamos ter nossos dados, com uma integração que não há hoje, com nuvem própria, soberana e linguagem brasileira.”
Nessa linha específica, o plano prevê R$ 1 bilhão em investimentos do Serpro e da Dataprev para a migração de dados classificados em grau de sigilo para ambiente de nuvem do governo até 2027. A medida vem acompanhada do entendimento de dados públicos como ativos estratégicos para apoio na solução de grandes desafios da sociedade, o que exige uma política de governança de dados nos órgãos e entidades federais.
“A IA melhora a qualidade de vida, fomnenta descobertas científicas e aumenta a produtividade da pesquisa em toda as áreas do conhecimento. A IA não tem uma gaveta do conhecimento, está disponível para todos. No entanto, seu potencial total ainda está em grande parte inexplorado. São necessários esforços colaborativos para invstir em infraestrutura de dados e treinar pessoal em IA”, afirmou a presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader.