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Prismyan respira, mas única fábrica de fibra no Brasil depende de antidumping contra China

Fabricante acusa chineses de derrubar artificialmente preço em 60%

A única fábrica de fibras ópticas no Brasil, da Prysmian, ganhou um respiro com a decisão do governo brasileiro de aceitar as queixas contra importados e aumentar a tarifa de importação por seis meses. Mas, como destaca o presidente da empresa no Brasil, Emerson Tonon, o futuro da unidade em Sorocaba-SP depende do processo antidumping contra a fibra trazida da China.

“Eles colocam aqui o preço da fibra óptica em torno de 60% mais barato, pelos incentivos fiscais que o governo chinês aplica para quem está exportando fibra, cabos e quaisquer outros insumos. Foi uma decisão positiva para a gente respirar um pouco e demonstra a sensibilidade do governo com a indústria nacional. Mas agora tem os processos antidumping”, afirmou Tonon em entrevista nesta segunda, 21/10. Enquanto um km de fibra da feita no Brasil custa US$ 6, a importada da China custa US$ 2,50.

A planta de Sorocaba chegou a ser temporariamente fechada em 2023 e opera bem abaixo da capacidade – dos 250 mil km de cabos e fibras possíveis por mês, a Prysmian vem produzindo 100 mil km. E segundo Tonon, a decisão, segundo ele, veio a tempo de convencer a multinacional italiana a manter a produção no Brasil.

“Outubro era o mês de tomar a decisão se íamos ou não íamos continuar com a fábrica de fibra aqui na unidade Boa Vista, porque é o período de fazer o plano de gestão, um mês crítico”, disse o executivo. Por isso, reforçou, a decisão de incluir cabos e fibras na lista de exceções do Mercosul “foi fundamental para a sobrevivência da nossa planta. É a única planta de fibra óptica que a gente tem no Brasil e na América Latina. A gente tem várias incertezas no quanto que esse percentual vai suportar o volume, a gente nunca sabe quais são as outras medidas que podem vir por parte da China. Mas sobrevivemos, pelo menos”.

O grande objetivo era a gente tentar respirar um pouco, parar de sangrar. E essa decisão inédita acaba dando tempo para a gente se organizar. Obviamente, não para por aqui. Seis meses é algo muito positivo e demonstra a importância e a sensibilidade que o governo tem em relação à indústria nacional. Isso é super positivo. Agora tem a luta dos processos de anti dumping, que já está começando, e aí espero que a gente também tenha um desfecho muito positivo.


Outubro era o mês de tomar a decisão se íamos ou não íamos continuar com a fábrica de fibra aqui na unidade Boa Vista, porque é o período de fazer o plano de gestão, um mês crítico. Essa velocidade foi fundamental para a sobrevivência da nossa planta aqui no Brasil e na América Latina. É a única planta de fibra óptica que a gente tem no Brasil e na América Latina. A gente tem várias incertezas no quanto que esse percentual vai suportar o volume, a gente nunca sabe quais são as outras medidas que podem vir por parte da China. Mas sobrevivemos, pelo menos. Faz com que a gente respire para os próximos seis meses. E também tendo, obviamente, a expectativa sobre o antidumping.

A diretora jurídica da Prysmian, Inaiê Reis, explicou que há dois processos correndo no Brasil, que questionam os preços de fibras e dos cabos chineses. E em que pese o aumento da tarifa por seis meses, a expectativa é antecipar o potencial direito antes da deliberação final do governo brasileiro.

“Estamos na fase de auditoria e temos uma confirmação do governo de que há indícios de dumping, tanto é que foi aberta essa investigação. O processo está previsto para terminar no final do ano que vem, porém existe uma possibilidade de antecipar direitos no primeiro semestre. Estes seis meses eles servem como uma proteção imediata pela gravidade do tema, porque o governo sabe dessa gravidade e do risco de que a empresa não sobrevivesse até conseguir a proteção do dumping. O imposto de importação é aplicável a todos os importadores, o dumping ele é direcionado”, disse.

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