Questionada por parte do governo, Huawei pode assumir nuvem dos órgãos federais
Em que pese parte da gestão Jair Bolsonaro tentar banir a Huawei das telecomunicações da administração pública, a fabricante chinesa tem chances de servir ao governo como fornecedor da nuvem pública dos órgãos federais. Ao lado da AWS e da Google, a Huawei é uma das três nuvens da proposta apresentada pela Extreme Digital Solutions, por enquanto o menor lance no pregão em andamento: R$ 65,94 milhões.
Essa é a segunda contratação da nuvem pública do governo federal. A primeira, realizada em 2018 mas com efetiva implementação apenas em 2020, ficou por R$ 30 milhões e chegou a reunir 26 órgãos federais. Esta nova é maior, com 52 órgãos na partida em compra aberta a novas adesões. O prazo também aumentou, para dois anos de contrato.
A Extreme apresentou o lance mais baixo entre as 20 concorrentes do pregão. Mas a licitação ainda está na fase de avaliação da capacidade operacional da primeira colocada – ou seja, a análise dos atestados e da experiência compatível com o objeto do leilão: a seleção de um orquestrador, ou broker, que contemple pelo menos duas nuvens diferentes, de fornecedores com datacenters no Brasil.
A Huawei é alvo de tentativas de bloqueio dentro do administração, materializadas em uma portaria do Ministério das Comunicações que veta equipamentos em uma futura rede privativa de telecomunicações do governo se de empresas que não atendam princípios de governança corporativa do mercado acionário brasileiro. O ministro das Comunicações, Fabio Faria, já declarou que tal exigência deixa a chinesa fora dessa rede governamental – embora isso seja discutível diante do texto efetivamente adotado pela Portaria 1.924/21.
A depender do andamento do pregão de nuvem, outras propostas ainda podem acabar escolhidas. A Claro, que venceu a primeira licitação em 2018 e é o atual broker, tem o segundo menor lance do pregão atual, R$ 71,44 milhões. A Globalweb aparece em seguida, com proposta de R$ 84,04 milhões. AX4B (R$ 85,69 milhões), Brasoftware (R$ 87,91 milhões), Datacentrics (R$ 87,92 milhões), Telefônica (R$ 89,52 milhões), Stefanini (R$ 102,53 milhões), IP2 Cloud (R$ 109,72 milhões) e Datarain (R$ 113,32 milhões) completam as 10 primeiras. Outras 10 empresas apresentaram lances entre R$ 121 milhões e R$ 316 milhões.