Sem dinheiro, Telebras desiste de comprar capacidade em cabo submarino
Sem dinheiro e mais uma vez marcando posição contrária ao fato de ter se tornado uma ‘estatal dependente da União, apesar de todos os esforços despendidos para reverter a situação”, a Telebras comunicou ao mercado a decisão de rescindir, de forma amigável, o contrato firmado em janeiro de 2019 com a Ellalink Ireland para conectar, via cabo submarino, o Brasil a Europa.
“Dentre outros motivos, a razão para o envio da carta está consolidada no fato de que não foram apresentadas as garantias contratuais acordadas e necessárias ao pagamento das contra prestações assumidas pela Telebras ainda em 2019. Com isso, as partes iniciaram tratativas para postergar o cumprimento de suas obrigações para 2020”, aponta o fato relevante encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários no dia 26 de dezembro.
Como a situação financeira da Telebras piorou – e a estatal passará a integrar o Orçamento Fiscal e da Seguridade Social (OFSS) este ano com status de empresa dependente – e como não há uma rubrica orçamentária do governo federal para viabilizar o negócio, a Telebras informa que o melhor a fazer é rescindir amigavelmente o contrato.
Agora, reporta ainda a estatal, “aguarda-se o posicionamento da Ellakink Ireland com relação à proposta”. O fato relevante foi assinado pelo presidente e diretor de Relações com Investidores, Waldemar Ortunho Junior. A falta de dinheiro na Telebras é recorrente.
Em outubro de 2018, no governo Temer, e como André Borges à frente do MCTIC, a estatal informava a decisão de não mais investir, como acionista, na construção de um novo cabo submarino que ligaria Brasil e Europa, exatamente o projeto da Ellalink Ireland. A estatal decidiu ser compradora de capacidade, a partir da ativação da ligação, prevista para o começo deste ano de 2020. Mas o dinheiro acabou tanto para ser acionista, como para comprar capacidade.