GovernoInternetMercadoTelecom

Sem sucesso contra as fake news, Governo quer regulação econômica das plataformas digitais

Cade dá subsídios ao Ministério da Fazenda para fortalecer sua atuação com as big techs.

Sem sucesso na principal iniciativa de regular a responsabilidade das big techs pelo conteúdo que ajudam a disseminar na internet, o governo federal mira na regulação econômica. Ao apresentar a lista de prioridades legislativas ao Congresso Nacional, o Ministério da Fazenda incluiu menção a um projeto de lei sobre o tema.

Esse PL ainda está em elaboração, mas vem na linha do que a Fazenda já sinalizara, de que é preciso “incentivar a concorrência ao dotar o poder público de ferramentas mais adequadas para coibir práticas anticoncorrenciais nos mercados digitais”.

Em outubro do ano passado, o Ministério da Fazenda anunciou que buscaria mudanças nas regras e ferramentas antitruste como forma de melhor regular as plataformas digitais no Brasil. Em especial, visa fortalecer a capacidade do Conselho Administrativo de Defesa Econômica de lidar com as big techs. As conclusões e propostas estão no relatório Plataformas Digitais: aspectos econômicos e concorrenciais e recomendações para aprimoramentos regulatórios no Brasil

O governo Lula simpatiza com a tentativa de regulação das big techs pelo lado da responsabilização pelo conteúdo postado nas mídias sociais, materializada no PL 2630/20, mais conhecido como PL das Fake News. Mas o texto sofreu muita resistência no Parlamento e empacou. Não por menos, esse projeto passou para o banco do carona e nessa seara a ideia é esperar o que virá do julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre a responsabilização das plataformas.

No flanco econômico, além da prioridade indicada pela Fazenda, o próprio CADE está se aprofundando no assunto. O órgão antitruste abriu uma consulta pública e fará uma audiência para discutir os aspectos concorrenciais relacionados aos ecossistemas digitais dos sistemas operacionais iOS, da Apple, e Android, do Google. O objetivo é ouvir a sociedade, especialistas, acadêmicos, organizações da sociedade civil e demais interessados sobre eventuais barreiras à concorrência e possíveis soluções para o setor.


“O número crescente de denúncias de infrações à ordem econômica relacionadas aos ecossistemas digitais para dispositivos móveis indica a possibilidade de um aprofundamento dos debates, permitindo-se, através da realização de uma audiência, à sociedade, agentes econômicos, especialistas, acadêmicos, organizações da sociedade civil e demais interessados apresentarem subsídios que entenderem relevantes para a contínua tomada consciente de decisões por parte desta autoridade de defesa da concorrência”, justifica o CADE.

Atualmente, estão em tramitação no CADE inquéritos administrativos relacionados ao Google Android, Google Play Store e Apple App Store, além de um recurso voluntário apresentado pela Apple contra uma medida preventiva determinada pela Superintendência-Geral do órgão.

Contribuições escritas poderão ser enviadas até12 de fevereiro, pelo e-mail [email protected]. A audiência pública está marcada para 19 de fevereiro de 2025, com inscrições abertas até 12/2. Os interessados em participar presencialmente ou de forma remota, bem como aqueles que desejam realizar manifestações orais, devem se inscrever previamente por e-mail. As inscrições, no entanto, não garantem automaticamente o direito à fala, que será concedido a critério da presidência da audiência, considerando a relevância dos temas apresentados.

Botão Voltar ao topo