Ser o país mais conectado não pode ser motivo de orgulho, diz estudioso da cultura digital

Em sua palestra “Empresas do século XX, pessoas do século XXI”, ministrada nesta quarta-feira, 07/06, no Ciab FEBRABAN 2017, o professor Gil Giardelli, estudioso da cultura digital, alertou sobre a necessidade de termos pessoas menos conectadas e que interajam mais entre si em prol da criatividade coletiva.

O estudioso lembrou que estamos vivendo a era da Destruição Criativa exponencial, em que tudo o que conhecemos já foi – ou será em um espaço bastante curto de tempo – destruído para ser reinventado. Segundo ele, em tempos de Mathematical Thinking, nos quais se pensam possibilidades para o futuro em ritmo acelerado, para qualquer ideia que uma pessoa tenha hoje, em média, outras 430 pensarão a mesma coisa. “Mas apenas três dessas pessoas colocarão a ideia em prática”, disse. “O brasileiro é criativo, mas pouco empreendedor”, complementou.

Entre outros incontáveis fatores para esta falta de iniciativa e de criação, talvez esteja o fato de o brasileiro passar muito tempo conectado a redes sociais e outros conteúdos pouco – ou nada – úteis. ‘“Não podemos ser o país mais conectado e achar que isso é bacana. É preciso se conectar menos e conviver mais”, sugeriu o professor. Ele explicou que quando um raciocínio é interrompido, o ser humano leva de 20 a 40 segundos para retomá-lo.  “É preciso passar dias offline para incubar e deslanchar o processo criativo”, aconselhou.

Giardelli afirmou que a inovação e o avanço científico precisam de pessoas desobedientes, que busquem respostas além dos limites impostos pela sociedade. As adequações para enfrentar a 4a Revolução Industrial passam também pela mudança de hierarquia e de perfil dos líderes nas empresas. “Líderes inovadores são 26% mais lucrativos do que os pares de seu setor”, observou. A hierarquia também precisa mudar, segundo o especialista. O professor comentou que muitas grandes empresas estão acabando com o cargo de CEO por acreditar que ele trava a inovação. “No século 21, já não importa a hierarquia, mas a forma como as equipes estão trabalhando como equipes”, resumiu. Para finalizar, o professor disse que nenhum de nós é tão inteligente quanto todos nós juntos. “Precisamos pensar juntos para gerenciar a inovação e não apenas fazermos mudanças emergenciais.”


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