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Telebras terceiriza rede privativa do governo para o Serpro

Para cumprir obrigação do 5G, estatal de telecom usará redes da estatal de TI

Definida como responsável pela rede privativa de comunicações do governo federal, por meio de um decreto presidencial no apagar das luzes do governo Bolsonaro, a Telebras está repassando o compromisso para outra estatal, o Serpro.

Tratativas começaram ainda no ano passado e avançaram neste 2024. Na prática, pelo menos a parte de rede fixa dessa obrigação – prevista no leilão do 5G e para a qual foi destinada R$ 1,25 bilhão – será cumprida com o uso da Infovia do Serpro – uma rede de fibras ópticas que interliga órgãos públicos.

A Telebras se recusou a dar informações sobre a decisão de cumprir o compromisso com a parceria. Em nota ao Convergência Digital, o Serpro admitiu o acerto entre as duas empresas. Nenhuma explica como se dará a partilha dos recursos do leilão do 5G:

“Neste momento estamos concentrados na definição dos papéis e responsabilidades de cada parte, aproveitando ao máximo nossas especializações. O processo de alocação de tarefas e o modelo de negócios estão em andamento e serão finalizados em breve, sempre com o objetivo de garantir uma rede privativa eficiente e segura para o governo.”

Ao ser apresentado pelo Serpro como novo diretor de Operações, Wilson Mota explicou, segundo informação divulgada pela empresa, que a parceria com a Telebras implica o desenvolvimento de “uma rede privada que conectará todos os órgãos federais, estaduais e municipais”.


Vale lembrar que a rede privativa de comunicações de governo foi uma imposição do governo Bolsonaro, como forma de alinhamento ao bloqueio comercial dos Estados Unidos a fabricantes chineses de tecnologia 5G e à consequente pressão aos aliados para fazerem o mesmo. A ideia era impedir a Huawei de fornecer equipamentos de quinta geração no Brasil.

Mas sem a possibilidade de determinar às operadoras privadas a exclusão deste ou daquele fabricante, a saída escolhida foi a criação de uma obrigação específica, uma rede “segura” de governo que, segundo o então ministro das Comunicações, Fabio Faria, tinha “uma série de parâmetros e observações que faz com que algumas empresas não possam participar”.

Com a troca de governo, a gestão Lula demorou ano e meio para redefinir o escopo da rede privativa. O projeto básico foi aprovado no final de julho deste 2024, sendo composto de duas partes: uma rede fixa para interconectar 6,5 mil pontos, órgãos públicos, em todo o país; e uma rede móvel, em 4G, em Brasília.

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