Inovação

Bolsa Família adota ciência comportamental para educação financeira

Com mais de 40 milhões de beneficiários, o Bolsa Família é um dos maiores programas de transferência de renda do planeta. Mas ao lidar com parcela vulnerável da população, o programa percebeu a importância de entender melhor o processo de decisão financeira. E mais, usar ciência comportamental para ajudar, e não atrapalhar. 

“Nossa primeira abordagem de educação financeira no Bolsa Família fracassou. Fracassou porque não olhamos o cidadão, não entendemos o comportamento dele, os conceitos que ele vivenciava na tomada de decisões financeiras. Não perguntamos. A gente achava que sabia”, revela a diretora de benefícios do programa, Caroline Paranayba. 

Fracasso, no caso, foi a exposição sem a devida cautela ao mercado financeiro. Quando o Ministério do Desenvolvimento Social mediu, 76% das famílias estavam com dívidas no cartão, e 13,4% enroladas em financiamentos. “O incentivo à inclusão bancaria lançou as pessoas em um novo universo sem a compreensão de conceitos como ‘cheque-especial’. E como todos que são clientes de bancos elas foram alvo de planos de metas internos do banco e de serviços financeiros que não eram adequados a elas.”

A partir da vivência direta com 80 famílias e o uso da ciência comportamental, o programa passou a usar ferramentas simples mas eficazes, como a separação do dinheiro disponível em três “cofres”, para emergências, para o dia-a-dia, e para os sonhos. Com essas e outras medidas, os resultados mudaram. 

“Elas conseguiram aumentar a capacidade de fazer poupança em quase 100%. Conseguiram financiar as emergências ao invés de se endividar. E talvez o melhor impacto foi que aumentaram em três vezes a capacidade de ter poupanças de outras formas, até pela construção de patrimônio.” Assistam a entrevista com a diretora de benefícios do programa Bolsa Família, Caroline Paranayba.


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