CIP investe R$ 3 milhões na Rede Blockchain do Sistema Financeiro Nacional
Depois de passar os últimos três anos analisando as tecnologias disponíveis e testando-as em projetos pilotos para entender como o blockchain poderia ser usado, as instituições financeiras anunciaram, no CIAB Febraban 2019, que acontece esta semana em São Paulo, a Rede Blockchain do Sistema Financeiro Nacional, a primeira rede blockchain para o setor e que possibilita o compartilhamento de informações entre as instituições parceiras, protegendo dados de forma acessível, ágil e segura. A iniciativa recebeu investimentos de R$ 3 milhões por parte da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), que administrará a rede.
A ideia é que a rede coloque à disposição dos bancos produtos baseados em blockchain. O primeiro caso de uso é o device ID. O projeto já havia sido apresentado em edições passadas do CIAB com o nome de DNA. O protótipo foi refinado e validado pelos bancos que integram o GT Blockchain Febraban. As instituições financeiras também trabalharam para estabelecer a rede, cujas estruturas de governança, de instrumentos jurídicos e de segurança ficaram a cargo da CIP e da Febraban.
Em 2017, o Convergência Digital havia explicado que o grupo de trabalho (GT) para blockchain na Febraban conduziu uma prova de conceito para averiguar o uso da tecnologia na gestão de identidades e que havia escolhido a plataforma permissionada Hyperledger Fabric da IBM. Chamada de Projeto DNA, a iniciativa de gestão de identidades propunha como benefícios para o sistema financeiro nacional a melhor experiência e um processo simples e eficiente para os clientes e, do lado das instituições, rapidez no cadastro, dados mais atualizados e potencial redução de custos. (https://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=site&UserActiveTemplate=mobile&infoid=45381&sid=148 )
O device ID usa blockchain para compartilhar identificações de dispositivos móveis. A partir dessas identificações, as instituições financeiras poderão enriquecer seus sistemas antifraude para verificar se um dispositivo específico é confiável ao avaliar, por exemplo, se é um aparelho perdido, furtado ou roubado. O device ID foi elaborado usando a plataforma Hyperledger Fabric, da IBM, e conta com a participação do Banrisul, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Itaú, JP Morgan, Original, Santander e Sicoob.
Em coletiva de imprensa, o superintendente-geral da CIP, Joaquim Kawakama, explicou que as informações sobre os aparelhos celulares são alimentadas na plataforma blockchain pelos bancos e são eles que apontam se o dispositivo pode ou não estar ‘contaminado’, deixando de ser seguro. A informação é compartilhada com os demais bancos que integram a rede, os quais, de posse dessa informação, tomam as devidas precauções e providências.
Kawakama adiantou que, além do Hyperledger Fabric, da IBM, a CIP também está contratando a Corda, da R3, para futuros desenvolvimentos de aplicações. “Também estamos trabalhando na interoperabilidade do Hyperledger Fabric com Corda”, disse, explicando que a ideia é possibilitar que os bancos possam escolher qual tecnologia de blockchain querem usar. Kawakam adiantou que há projetos de casos de uso rodando em Corda que podem ser anunciados brevemente.
Com relação ao custo para os bancos, o superintendente-geral da CIP explicou que, por ser uma associação civil sem fins lucrativos que integra o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), a CIP vai cobrar apenas o necessário para custear os produtos que venham a ser lançados com base na Rede Blockchain do Sistema Financeiro Nacional. No entanto, no primeiro ano, não haverá cobrança.