Os Estados Unidos vão impor mais restrições ao acesso da China a chips de inteligência artificial, ao mesmo tempo que o líder da IA da China anuncia que tem o seu próprio grande modelo de linguagem, como ChatGPT e rivais.
Tal como o lançamento de um novo iPhone, os EUA se preparam para introduzir novas sanções, atualizadas e que esperam sejam mais eficazes para afetar o desenvolvimeneto de tecnologia chinesa. Mas, como o iPhone mais recente, essas medidas devem desapontar o governo do país.
As últimas diretrizes estabelecerão novos limites para empresas como a Nvidia, que tem vendido uma variante um pouco menos poderosa de seus principais aceleradores de IA para clientes chineses, e provavelmente impactarão ainda mais os negócios de fornecedores de equipamentos dos EUA, incluindo a Applied Materials. Medidas tenvam impedir que a China obtenha semicondutores de IA de ponta através de rotas alternativas.
Nesta semana, a Baidu, um dos clientes da Nvidia, ocupou um grande local em Pequim para divulgar seu Ernie Bot, um sistema de IA que agora afirma ser tão bom quanto o melhor modelo GPT-4 da OpenAI.
O governo dos EUA reconhece, portanto, que falhou nos movimentos já anunciados para restringir o acesso da China a tecnologias críticas, como semicondutores.
No mês passado, a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, disse que estava “chateada” pelo fato de a Huawei ter lançado seu telefone 5G avançado durante sua visita à China, exibindo ostensivamente o avanço tecnológico diante do funcionário dos EUA responsável pela implementação de sanções.
A Huawei, a mais fortemente sancionada de todas as empresas chinesas, retomou o seu antigo estatuto de rival formidável da Apple. Os analistas da Jefferies liderados por Edison Lee calculam que as vendas do iPhone 15 caíram uma porcentagem de dois dígitos em relação ao seu antecessor, depois que a Huawei foi impulsionada pela surpreendente estreia do Mate 60 Pro.
Vários analistas, incluindo Jeff Pu, da Haitong International Securities, estimam que a Huawei provavelmente construirá até 70 milhões de telefones com seus próprios chips Kirin em 2024, o que não é uma quantidade insignificante, especialmente quando esses provavelmente estarão focados no maior mercado de celulares do mundo.
A Apple ganhou quota de mercado na China quando o negócio telefónico da Huawei foi prejudicado por restrições comerciais, e poderá ter de renunciar a esses ganhos agora que a Huawei conseguiu contornar algumas das limitações.
Não admira que o CEO da Apple, Tim Cook, esteja na China esta semana, no que é potencialmente a sua tentativa de uma ofensiva de charme para reforçar a posição da Apple no seu segundo maior mercado.
Não é claro se as novas medidas correctivas dos EUA que visam o progresso tecnológico da China irão de facto frustrar os grandes planos de Pequim. Por um lado, não há garantia absoluta de que todos os parceiros dos EUA irão participar.
* Com informações da Bloomberg
