No TCU, robô que cata-erros mira em economia de R$ 500 milhões por ano
O Tribunal de Contas da União tem uma ferramenta notória na administração pública federal, a robô Alice, que faz varredura diária nos editais e licitações e busca de brechas para contratos ruins ou irregularidades nas compras públicas. Mas passou a adotar também um sistema de inteligência artificial para caçar erros internamente também, especialmente em decisões e acórdãos. Os casos foram apresentados em seminário promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral sobre o uso da IA na administração pública.
“Tudo nasce a partir de um problema. Uma inspeção em 2016 identificou números nada interessantes, superiores a 1,6 mil Acórdãos com necessidade de correção de erros materiais. No mesmo período em que também houve aumento de erros material de 57% para 67% dos casos em processos de tomadas de contas especiais, que são mais da metade dos processos abertos pelo TCU e que usam 40% da força de trabalho”, explicou o Rodrigo Felisdório, da secretaria de soluções de tecnologia da Corte de Contas.
São erros de nome, de CPF ou CNPJ, ou várias outras informações, que demandam repetições de trabalhos, causando perda de tempo e impactos na própria eficácia das decisões do TCU. “A ideia é identificar erros mesmo antes da prolação do Acórdão. O sistema usa deep learning com processamento de linguagem natural, extrai e cruza com as mais de 80 bases de dados da administração publica à disposição do tribunal. Desde outubro [de 2017] foram analisados mais de 3 mil Acórdãos, com média de um erro a cada 105 decisões.”
“Temos 110 milhões de casos. Supondo que cada um tenha apenas uma sentença, é muito mais que isso mas vamos considerar um para efeito de estimativa, e se tivermos a mesma média de um erro para 105 sentenças, seriam mais de 1 milhão de erros. Se corrigir cada erro custar, digamos, R$ 500, teríamos por baixo uma possível economia de meio bilhão de reais com uma tecnologia pontual, simples, mas que traz uma série de benefícios. São horas e recursos humanos que podem ser utilizados em atividades muito mais nobres”, defendeu Felisdório.