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OIT: Um em cada quatro empregos no mundo está exposto à inteligência artificial generativa

Pesquisa avaliou 30 mil ocupações e conclui que risco para mulheres é ainda maior que para homens

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Instituto Nacional de Pesquisa da Polônia (NASK) lançaram nesta terça, 20/5, um novo índice global que revela que 25% dos empregos no mundo estão potencialmente expostos à inteligência artificial generativa.

O estudo “IA Generativa e Empregos: Um Índice Global Refinado de Exposição Ocupacional“, busca ser a avaliação mais detalhada já feita sobre como essa tecnologia pode transformar o mercado de trabalho.

A pesquisa, que analisou 30 mil tarefas ocupacionais, aponta diferenças significativas entre gêneros e níveis de renda. Enquanto 20% dos empregos masculinos estão em categorias de exposição à IAGen, entre as mulheres esse percentual sobe para 30%. Nos países de alta renda, a discrepância é ainda maior: 41% das trabalhadoras estão em empregos com alto potencial de automação, contra 28% dos homens.

Os dados também mostram que nações mais ricas concentram os maiores índices de exposição – 34% dos empregos em países de alta renda estão em alguma das quatro categorias de risco, contra apenas 11% em países de baixa renda. A Europa e Ásia Central lideram, com 39% dos postos femininos sob possível impacto, ante 26% dos masculinos.

O estudo ressalta que a exposição não significa substituição imediata. A maioria das ocupações tem tarefas que ainda exigem intervenção humana, como julgamento crítico, criatividade ou interação social. Profissões como analistas financeiros, desenvolvedores web, tradutores e caixas de banco estão entre as mais vulneráveis, mas mesmo nelas a automação deve ser parcial.


“Poucos empregos são totalmente automatizáveis com a tecnologia atual”, explica o relatório. “O que vemos é uma reconfiguração de tarefas, não necessariamente o fim das profissões”. Contudo, a adoção da IAGen pode reduzir a demanda por trabalhadores em certas áreas, especialmente se não houver requalificação ou adaptação das funções.

Apesar do potencial disruptivo, barreiras como falta de infraestrutura digital, custos tecnológicos e resistência cultural podem retardar a implantação total da IAGen. O relatório cita exemplos como a relutância de instituições financeiras em delegar aprovações de crédito exclusivamente a sistemas de IA ou a preferência do público por âncoras humanos em telejornais.

Além disso, o estudo não considera novas ocupações que podem surgir com a tecnologia nem avanços futuros que ampliem a automação. “Estas estimativas são um retrato estático do início de 2025”, pondera a pesquisa.

A OIT defende uma transição centrada no ser humano, com políticas de requalificação e participação dos trabalhadores na implementação da IA. “A chave para benefícios produtivos está em combinar expertise humana com tecnologia, não em eliminar postos de trabalho”, afirma o relatório.

Com um quarto da força laboral global em risco, o estudo alerta para a necessidade de regulação e preparação, especialmente em setores com maior exposição. “A IA generativa já está remodelando o trabalho, mas seu impacto final dependerá de como governos, empresas e sociedade lidarão com essa mudança”, conclui.

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