Bibliotecas e museus sofrem para digitalizar e oferecer acervos online
As bibliotecas e museus brasileiros estão longe das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Cultura, que prevê a disponibilização dos acervos pela internet até 2020. Mas como mostra a pesquisa TIC Cultura 2018, divulgada nesta terça, 23/4, pelo Cetic.br, a falta de dinheiro e pessoal são obstáculos que dificultam a tarefa.
Como lembra o estudo, os conteúdos de arquivos que estejam em domínio público ou licenciados devem estar disponibilizados na internet e as informações sobre os acervos de todas as bibliotecas públicas e de 70% dos museus e arquivos deve ser oferecidos para consulta on-line até o ano que vem. Mas no caso das bibliotecas, só 31% delas estão digitalizando alguma parte do acervo. E menos de uma em cada quatro (22%) oferecem online.
A digitalização tem algum sucesso nos arquivos (77%), museus (61%), pontos de cultura (61%) e bens tombados (55%). Mas como aponta a própria pesquisa, é “pequena a proporção de acervo digitalizado em relação ao total do repositório pertencente à instituição: menos da metade dos acervos de documentos oficiais históricos ou registros arquivísticos (48%) e manuscritos ou originais (43%) estavam digitalizados”.
Ainda menor é a proporção de acervos disponíveis online – como mostra a pesquisa, a disponibilização para o público se dá, sobretudo, no próprio local de funcionamento das instituições, e não pela rede. Já a oferta de catálogos do acervo on-line, que poderia dar visibilidade e ampliar o acesso a esses materiais, era realizada por apenas 15% dos museus e 12% das bibliotecas, apresentando maior proporção apenas entre arquivos (38%).
Ou seja, a oferta de conteúdos digitalizados se dá mais frequentemente nos arquivos, entre os quais 35% o faziam por meio de websites próprios, e nos pontos de cultura, com 27% disponibilizando os materiais nas plataformas ou redes sociais em que a instituição estava presente. Entre museus, apenas 10% ofereciam acervo digitalizado em website da instituição e 14% em plataformas ou redes sociais on-line.
A falta de financiamento é a dificuldade mais citada entre todos os tipos de equipamentos analisados na pesquisa, mesmo entre aqueles em que a digitalização estava mais presente, como arquivos (56%), museus (48%) e pontos de cultura (52%). Outro obstáculo mencionado constantemente foi a falta de equipe qualificada, citado como principal dificuldade por 27% dos gestores das bibliotecas e por um em cada quatro dos museus (24%)
“Os resultados apresentados nesta publicação evidenciam o longo caminho ainda a ser percorrido pelos equipamentos culturais brasileiros”, conclui a TIC Cultura. A pesquisa foi realizada entre março e julho de 2018, sendo entrevistados 3.065 responsáveis pelos equipamentos culturais, incluindo arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros.