Blockchain terá papel central na Internet das Coisas
Ainda incipiente, a revolução que a tecnologia blockchain vai tocar em um ponto fundamental para os dias atuais: confiança e transparência. Isto porque permitirá, porque, que pessoas transacionem entre si sem ter a necessidade de entidades reguladoras. Em outras palavras, significa transferir dinheiro sem passar pelo banco e mover quantias entre países de forma mais rápida, barata e simples. O blockchain representa, na visão de Don Tapscott, a segunda era da internet.
Autor de 15 livros, sendo o “Blockchain Revolution” o mais recente deles, o canadense Tapscott é um dos mais requisitados especialistas para falar sobre o impacto da tecnologia nos negócios e na sociedade. Ele esteve no Brasil para participar do evento Emerging Links, realizado em São Paulo. Entre as grandes discussões que o blockchain levanta está a transformação que conduzirá na indústria financeira.
Um dos impactos mais discutidos é a substituição de diversos (e complexos) elos da cadeia — como autenticação de valor, transferência, armazenamento, empréstimo, câmbio, contabilidade e auditoria — pelo blockchain. No entanto, se por um lado, o advento desta tecnologia fará segmentos diversos de mercados repensarem seus negócios, por outro, o blockchain permite a concepção de modelos totalmente diferentes, baseados em uma arquitetura mais aberta. Ele pode ser a base para a criação de organizações cooperativistas e para o pagamento de direitos autorais para músicos e escritores.
O blockchain tem o potencial de mudar completamente o papel dos atores tanto da cadeia de suprimentos como da cadeia de intermediação de negócios. “Se você está no meio, repense sua criação de valor”, alertou Tapscott, dando como exemplo desde agências de viagens até distribuidoras de energia. Tapscott aposta também no uso de blockchain para internet das coisas. “A internet de tudo precisa de um livro-razão das coisas”, destacou, explicando que deve ser distribuído, confiável e compartilhar informação de forma segura.
Além disto, a tecnologia poderá descentralizar a criação de dados e conferir mais poder ao cidadão. “E se pegássemos nossa identidade de volta. A privacidade é o fundamento da liberdade, e se ela é tirada de nós, precisamos recuperá-la”, ressaltou. Com o blockchain, as pessoas poderiam voltar a ser donas de seus dados, cabendo a elas a possibilidade de monetizá-los e protegê-los. “As empresas colhendo dados de avatares pessoais”, disse, completando que é por isto que não vemos empresas como Facebook e Google sendo entusiastas de blockchain.
Para o setor público, Tapscott afirmou que blockchain tem potencial transformador para deixar de governos melhores e gastando menos (ele citou o caso da Estônia), para reforçar a democracia, que vive uma crise de legitimidade atualmente, e para reinventar os bancos centrais.