Consumo de Internet dobrou no Brasil por conta da Covid-19
A quantidade de horas que os brasileiros passam na internet trabalhando de casa praticamente dobrou em decorrência da pandemia da Covid-19. Com o aumento, novos requerimentos de segurança e infraestrutura passam a ser necessários, conforme frisou Clayton Cruz, presidente da Amdocs para América Latina e Caribe, em coletiva de imprensa realizada, de forma virtual, nessa terça 11/05.
A Amdocs apresentou dados de uma pesquisa realizada com consumidores de dez países, incluindo o Brasil, sobre o comportamento do usuário desde o início da pandemia. O incremento do uso da internet implica em desafios para os provedores. No caso do Brasil, o número de horas de uso da internet para trabalho de casa — que a pesquisa denominou WFH, do inglês working for home — passou de 3h41m por dia antes da Covid-19 para 6h44m por dia, um aumento de três horas.
Um comportamento semelhante foi observado no México. O volume de aumento é maior que o identificado globalmente de cerca de duas horas diárias — passando de 3h4m para 4h59m. A pesquisa considerou tanto uso de redes fixas quanto móveis.
Durante a pandemia, os consumidores passaram a ficar mais exigentes com relação à velocidade da internet em casa, além da cobertura do Wi-Fi e estabilidade de conexão. Para os entrevistados do Brasil, a maior preocupação no período foi a desconexão dos serviços de internet (50%), perda de informação (28%) e ataques cibernéticos (19%).
Questionados sobre os cenários de internet para trabalhar em casa passada a pandemia, brasileiros e mexicanos afirmaram que o cenário WFH deve permanecer. Com relação a serviços agregados que poderiam ter em casa, após a Covid-19, 56% dos brasileiros responderam serviços de segurança, 47% de nuvem e 38% controle da casa pela internet.
Para Clayton Cruz, todas essas demandas representam oportunidade para as empresas prestadoras de serviço de internet. “Eu tenho acompanhando o aumento dos ISPs, que estão chegando aonde as operadoras não chegam de forma mais rápida e com preços competitivos. Essa pesquisa carimba e mostra o caminho a ser seguido; e mostra a necessidade de democratizar a banda larga. Mas tem de levar a banda larga com qualidade e isso não é só se conectar; é se conectar e ter qualidade boa”, destacou.
A dica para os IPSs é seguir o rumo que estão tomando. “O Brasil tem muito a ser coberto por banda larga. Você pode levar banda larga fixa via móvel com torre, também tem casos que você vai levar fibra ótica e também tem o híbrido, com operadoras e ISPs levando fibra ótica até um ponto e fazendo a ultima milha com alguma tecnologia de radio”, apontou.
“Os achados da pesquisa confirmam a necessidade da conectividade e que tenha boa qualidade e que ISPs possam também trazer segurança. Uma oportunidade é eles começarem a completar portfolio com serviços agregados, como cloud”, completou.
O consumo de streaming também aumentou durante a pandemia, mas não chegou a dobrar no Brasil: foi de 2,5 horas para 3h43m. Nesse quesito, o Brasil ficou abaixo do aumento médio global de aproximadamente duas horas. Já com relação à compra de conteúdo online, como filmes, músicas e jogos, o Brasil e o México registraram altos porcentuais de incremento — 71% e 76%, considerando melhorias de contratos e novas compras —, acima da média global de 53%.