Internet

Fusões e aquisições e uso de redes neutras marcam mercado de ISPs no Brasil

O número de empresas provedoras de internet se manteve relativamente estável entre 2020 e 2022, mas aumentou a proporção de ISPs de médio porte (de 50 a 249 pessoas ocupadas), que atendem a mais de um município, que provêm internet por meio de fibra ótica e aqueles que usam infraestrutura de terceiros. Os dados, que mostram um cenário de empresas mais consolidadas, constam da 5ª edição da TIC Provedores e foram apresentados nesta quinta-feira (07/12) durante a 13ª Semana de Infraestrutura da Internet no Brasil.

A pesquisa partiu de um cadastro que soma 18.761 empresas e inclui bases de SCM da Anatel, SICI da Anatel, AS & IX do NIC.br e Receita Federal. Após uma etapa de confirmação de quem está, efetivamente, provendo o serviço de internet, a pesquisa chegou ao número de 11.630 de provedores atuando ativamente em 2022, contra 12.826 de 2020. A proporção de médias empresas — de 50 a 249 pessoas ocupadas — passou de 13% para 17%, uma elevação de quatro pontos percentuais entre 2020 e 2022. Na direção contrária, a participação das microempresas (com até 9 pessoas ocupadas) caiu dez pontos porcentuais, indo de 56% para 46% na comparação durante o mesmo período. 

“Vimos uma estabilidade no número de empresas e, quando se olha o perfil delas, existem indicadores de que estão mais consolidadas: um porcentual maior de média empresa e menor de microempresa.Também vimos a tendência de que diminuiu de 47% para 40% o número de provedores de internet atendendo a apenas um município, o que significa que uma parcela maior atuando em mais municípios. E mais empresas usando infraestrutura de terceiros”, apontou Fabio Senne, coordenador de pesquisas TIC do Cetic.br, em entrevista à Abranet.

Entre as hipóteses para esta maior estruturação das empresas está o movimento de fusão e aquisição. Em nota à imprensa, Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, salientou que, “nos últimos anos, tem-se observado uma tendência de fusões e aquisições e um maior interesse de fundos de investimento no setor, o que pode ser uma das explicações para o crescimento na participação das médias empresas”. Para ele, isto demonstra que a consolidação é um movimento em curso no mercado brasileiro, um país que segue com um grande número de provedores em atividade, quando comparado com outros países.”, analisou.

Para Senne, ainda que não se consiga estimar com precisão, o aumento de empresas médias se dá seja por crescimento de uma empresa ou por fusão com outra. “Uma outra hipótese, mas que não conseguimos comprovar, tem a ver com o lado da demanda por velocidades maiores. Como a demanda do usuário é por serviços de maior qualidade, é possível que algumas empresas parem de existir”, acrescentou o coordenador de pesquisas TIC do Cetic.br. 


Redes neutras

Outro destaque da quinta edição da TIC Provedores foi o aumento do uso da rede de terceiros para prover internet. Em 2020, 70% usavam apenas infraestrutura própria, um porcentual que caiu para 60% em 2022, ao passo que o uso tanto de infraestrutura própria quanto de terceiros passou de 25%, em 2020, para 37% em 2022 — e 2% o fazem apenas por meio de infraestrutura de terceiros. Das que usam redes de terceiro, 40% afirmaram que utilizam redes neutras.  

Do total de empresas provedoras que oferecem acesso por meio de terceiros (4.631), 1.830 são de porte micro (até 9 pessoas ocupadas); 1.937 de pequeno porte (de 10 a 49 pessoas ocupadas); 524 de médio porte (de 50 a 249 pessoas ocupadas) e 115 de grande porte (mais de 250 pessoas ocupadas).   

“Quando se olha o indicador de tipo de serviço oferecido para além do acesso à internet ao usuário temos aumento no trânsito IP e serviço de transporte. É um indicativo deste fenômeno dos ISPs provendo para usuário final e para outras empresas”, analisou Senne.  

Os ISPs que ofertam trânsito IP passaram de 3¨%, em 2020, para 43%; a oferta de transporte ficou estável (39% contra 38%) e aumentou de 20% para 26% os ISPs oferecendo infraestrutura como hosting ou colocation; de 19% para 24% a oferta de segurança e de 16% para 23% a telefonia sobre IP.

A fibra óptica segue como a tecnologia de conexão à Internet mais presente e, em 2022, foi disponibilizada por 95% dos provedores atuando em território nacional, ante 89% da edição passada da pesquisa.  

Houve ainda um crescimento na participação de provedores em Pontos de Troca de Tráfego (PTT) ou no IX.br (Brasil Internet Exchange) — este último uma inciativa do NIC.br, subindo de 30% para 37%. A pesquisa identificou aumento de provedores do Nordeste e do Centro-Oeste em pontos de troca de tráfego durante o período. Na primeira região, a porcentagem passou de 24% para 38%. A mesma elevação de 14 pontos percentuais foi observada no Centro-Oeste (de 20% para 34%).  

A pesquisa detectou ainda um aumento expressivo na oferta de IPv6 aos clientes: 24 pontos percentuais em relação a 2020. Em 2022, 64% do mercado disponibiliza a versão 6 do Protocolo Internet, aderente às novas tecnologias. “Pelos percentuais, há convivência do IPv4 e IPv6; a principal análise é de convivência das duas modalidades e a dificuldade de ativação IPv6 é custo e pessoal capacitado”, apontou Senne. 

A TIC Provedores 2022 é realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). 

Botão Voltar ao topo