“Internet corre sério risco. Temos de mudar agora”, clama Tim Berners-Lee
O criador da World Wide Web, Sir Tim Berners-Lee, lançou um plano de ação global para salvar a internet das manipulações políticas, das fake News, das violações à privacidade e de outras forças malignas que ameaçam conduzir o planeta a uma “distopia digital”.
Berners-Lee foi responsável pela criação do ‘Contrato para a Web’, documento criado no final de 2018, e que hoje conta com o apoio de mais de 150 organizações, entre elas o Comitê Gestor da Internet do Brasil. Na prática, o documento exige que governos, empresas e indivíduos que o assinam a adotar compromissos concretos para proteger a web de abusos e garantir que ela beneficie a humanidade.
“Acho que o medo de coisas ruins acontecerem na internet se torna cada vez mais justificável”, disse o ‘pai’ da web ao jornal inglês The Guardian. “Se deixarmos a web como está, há um grande número de coisas que darão errado. Podemos acabar com uma distopia digital se não mudarmos as coisas. E não se trata de um plano de 10 anos, precisamos mudar a web agora.”
A proposta apresentada por Berners-Lee destaca nove princípios centrais para a proteção da web, três para cada um dos grupos de governo, empresas e pessoas. “As forças conduzindo a web para a direção errada sempre foram muito fortes”, diz Berners-Lee. “Seja uma empresa ou um governo, controlar a web é uma maneira de garantir grandes lucros ou a continuidade no poder. As pessoas são a parte mais importante, porque são as pessoas as motivadas em manter os outros dois na linha.”
Os compromissos desejados são:
“Os governos irão:
Garantir que todas e todos possam se conectar à internet
Para que qualquer pessoa, independentemente de quem seja ou onde viva, possa participar ativamente online.
Manter toda a internet disponível o tempo todo
Para que o direito ao acesso total à internet não seja negado a ninguém.
Respeitar o direito fundamental das pessoas à privacidade
Para que todas e todos possam usar a internet livremente, com segurança e sem medo.
As empresas irão:
Tornar a internet financeiramente viável e acessível a todas e todos
Para que ninguém seja excluída/o de usar e moldar a web.
Respeitar a privacidade e os dados pessoais dos consumidores
Para que as pessoas tenham controle de suas vidas online.
Desenvolver tecnologias que fomentem o que há de melhor na humanidade e contestem o que há de pior
Para que a web seja de fato um bem público que coloca as pessoas em primeiro lugar.
Os cidadãos irão:
Ser criadores e colaboradores na web
Para que a web tenha conteúdo farto e relevante para todas e todos.
Desenvolver comunidades fortes que respeitem o discurso civil e a dignidade humana
Para que todas e todos se sintam seguros e bem-vindos online.
Lutar pela web
Para que a web permaneça aberta, um recurso público global para pessoas de todos os lugares, agora e no futuro.”