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Mais trabalhadores estão morrendo por causa do impasse no compartilhamento de postes

A resolução dos conflitos no compartilhamento de postes entre os setores elétrico e de telecomunicações precisa levar em conta a questão da segurança para evitar que mais acidentes fatais aconteçam. Em workshop realizado nessa terça-feira (13/6), na Fiesp, Eduardo Parajo, presidente da Abranet, e representantes dos setores envolvidos, debateram o tema.

Os painelistas concordaram que a segurança no trabalho, a organização e a regularização dos pontos de fixação e a necessidade de uma maior fiscalização são os aspectos que precisam ser endereçados urgentemente. “Temos de olhar este assunto sob o aspecto da questão da segurança. Temos visto hoje situações extremamente complicadas nos postes que levam a diversos problemas, tanto para segurança das pessoas que estão trabalhando, como da população passando pelo local”, disse Parajo.

Marcius Vitale, consultor e coordenador do grupo de infraestrutura do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo-SEESP -e CEO da Vitale Consultoria, ressaltou que a condição de trabalho para a mão de obra que mexe nos postes é insegura. “No setor elétrico brasileiro, a acidentalidade é maior que nos outros segmentos e, com a terceirização e quarteirização, isto está piorando. Estamos perdendo a força de trabalho por acidentes fatais devido a cabos pendurados”, destacou.

O maior problema no compartilhamento de postes está nos grandes centros urbanos. O presidente da Abranet apontou,que, dos mais de 5 mil municípios do Brasil, os principais gargalos e entraves acontecem em cerca de 200. “É preciso organizar a bagunça dos postes e do subterrâneo e encaminhar formas de fazer isto seguindo um processo, porque a situação atual não ficou assim do dia para noite. O grande ponto é a ocupação irregular e que não está querendo também ser regular”, ressaltou Parajo.

Parajo também chamou a atenção para a organização dos postes. “Quantos cabos estão mortos, não sendo mais usados, mas que ainda estão pendurados nos postes? Devemos ter conscientização de que precisam ser feito coisas para evitar acidentes, mas precisamos de tempo para adequar, não adianta ser top down”, disse, ressaltando que o mercado não precisa de nova regulamentação, mas apenas uma pequena revisão de alguns pontos.


Neste sentido, a fiscalização é primordial. Como os participantes do evento apontaram, há ocasiões quando a colocação de cabos ilegalmente ocorre logo após a organização dos postes. “Temos de ter proatividade para colaborar com a distribuidora de energia que não vai ter braço para fiscalizar tudo. Abrir, por exemplo, um canal de comunicação detectar ocupação ilegal”, salientou. Para ele, a maior preocupação está naqueles que não seguem normas e regras, colocando a infraestrutura e a segurança das pessoas em risco.

João Moura, presidente da Telcomp, enfatizou que existe solução para o compartilhamento de postes e lembrou que este não é um problema isolado do Brasil. “Só não tem solução rápida e barata. Precisa ser feita uma mobilização. Soluções individuais não resolvem. As elétricas precisam identificar os ocupantes e temos de ajudar nisto, fazendo um trabalho conjunto”, disse.

Para Vitale, os pontos impactantes no compartilhamento de postes são a inexistência de planejamento integrado, tendo o subsolo congestionado, o que provoca problema na expansão dos serviços de telecom; uso de valas compartilhadas, em vez das recomendadas galerias para não condenar o subsolo; a falta de espaço para remanejamento das redes, ocasionando dificuldade para implantação de novas redes e dificuldade de manutenção; a ausência de cadastro da planta instalada; o treinamento falho da mão de obra; a inexistência de certificação da mão de obra; a não utilização (nas redes) de produtos homologados e certificados; e a falta de remuneração justa para os prestadores de serviço provocando a degradação da rede. 

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