Menos de 40% dos sites brasileiros migraram para o IPv6
O ano que vem marca 25 anos desde a criação do IPv6 e 15 anos do projeto IPv6.br, além de cinco anos da RFC 8200 que torna o IPv6 padrão na rede. Mas ainda falta muito a caminhar. Em sua apresentação, no IX Fórum, Eduardo Barasal Morales, coordenador da área de formação de sistemas autônomos do CEPTRO.br/NIC.br, chamou a comunidade para unir esforços para avançar na adoção de IPv6 no Brasil.
O tempo médio de espera na fila do IPv4, no LACNIC, é de 661 dias e, quem entrar hoje na fila de espera, vai aguardar, pelo menos, cinco anos para conseguir o bloco IPv4, apontou Eduardo Barasal Morales. “Estamos no fim do IPv4 a nível mundial, é esgotamento, e tem de esperar. Não tem por que não pensar em trabalhar com IPv6”, ressaltou ele. Exatamente por isso, a recomendação é não esperar para partir para Ipv6.
Mundialmente, a adoção de IPv6 está crescendo de modo devagar, ainda que tenha havido um impulso à medida que se passaram as fases de esgotamento do IPv4. “É um crescimento linear, que, de um lado, é uma coisa boa, porque continua crescendo, mas não é uma coisa tão boa quanto esperávamos. Esperávamos que IPv6 alavancasse e que nem precisaríamos estar falando dele em todos os IX Fórum”, apontou Morales.
Com base em dados do APNIC, Google e Facebook, a média de adoção de IPv6 está ainda na casa dos 40% e, segundo Morales, levaria uns dois anos para chegar ao patamar dos 50%. Na questão de conectividade, quando se analisa o Brasil, a adoção está em cerca de 40%, seguindo a média mundial. O crescimento no País começou em 2015, mesmo período que coincide com o esgotamento do IPv4. “O que realmente impulsionou IPv6 foi a falta de endereços IPv4. E cada vez está faltando mais e mais”, disse Eduardo Barasal Morales.
No Brasil, grandes operadoras estão com altas taxas de implantação de IPv6, mas Morales ressaltou que, se estas companhias puxam a média para cima, os pequenos provedores de internet a puxam para baixo. “E esta situação não é apenas da América Latina.”
Quando se observa a adoção de IPv6 no aspecto de conteúdo, há também diferença entre os maiores e menores sites. Dentro dos 500 sites mais acessados mundialmente, a implantação de IPv6 está perto dos 40%, mas, quando aumenta o escopo para os mil sites, o porcentual cai para 27%.
“Estamos vendo as grandes operadoras de conteúdo colocando IPv6 e as pequenas não. Isso é um ponto de alerta de como estimular a implantação de IPv6, também acompanhando a questão da conectividade.” No Brasil, a adoção de IPv6 nos conteúdos está na casa dos 30% entre 500 sites mais acessados.
Falando sobre a adoção de IPv6 pelo governo, Eduardo Barasal Morales contou que foram testados cerca de 600 sites e somente 7% dos sites e 5% de e-mail conseguiram atingir uma boa nota de implantação de IPv6. Os porcentuais estão abaixo das estatísticas das universidades: 20% dos sites e 29% dos e-mails com IPv6.
Outra preocupação é a adoção de IPv6 nos dispositivos de internet das coisas (IoT) sobre a qual Morales ressaltou que novas máquinas estão entrando no mercado sem o novo protocolo, o que é algo ruim. Devido a isso, novas técnicas de transição estão vindo à tona, como NAT46 com DNS46. “Novas tecnologias deveriam acompanhar o futuro da internet; então, deveriam vir com IPv6.”
Ao abrir o IX Fórum, Milton Kaoru Kashiwakura, diretor de projetos especiais e desenvolvimento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br, apresentou alguns números. Disse que o total estimado de provedores que entregam IPv6 saltou de 922, em 2017, para 3.102 em 2020; e que a menor entrega de IPv6 está entre os provedores com menos de 300 acessos. “É interessante notar o crescimento de AS e, a partir de 2020, começa-se a ter sistemas autônomos que só tem IPv6”, destacou Kashiwakura.