Banco Central liquida o Banco Neon. Operação Fintech está proibida de abrir novas contas
ATUALIZADA – Em comunicado lançado no final da tarde desta sexta-feira, 04/05, a ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs) ressalta a nota oficial emitida pela fintech Neon Pagamentos S.A sobre a liquidação extrajudicial anunciada pelo Banco Central.
Nela, o Neon ressalta que a intervenção da Autoridade Monetária não recaiu sobre a fintech Neon Pagamentos S.A e, sim, sobre o Banco Neon S.A. (antigo Banco Pottencial), com o qual a fintech tem acordos operacionais. No informe ao mercado, a ABFintechs diz ter “a expectativa de que a situação do banco seja esclarecida, preservando os direitos e a tranquilidade dos clientes da fintech Neon Pagamentos S.A.”.
A ABFintechs ressalta “o impacto social positivo gerado pelo acesso à inovação no segmento de serviços financeiros no Brasil e acredita que as fintechs brasileiras vêm conquistando, nos últimos anos, a confiança e a credibilidade do mercado nacional. Essa convicção é resultado de um trabalho sério e responsável no oferecimento de serviços financeiros, com idoneidade, agilidade e custos mais acessíveis”
O Banco Central decretou nesta sexta-feira, 04/05, a liquidação extrajudicial do Banco Neon por comprometimento da situação econômica-financeira e violações às normas legais e suspendeu as operações de uma fintech associada a ele que levantou na véspera 22 milhões de dólares em capital de risco.
A Neon Pagamentos SA – uma startup de tecnologia financeira, ou fintech, que usava a infraestrutura do Banco Neon para processar contas correntes – não foi liquidada, disse o Banco Central. No entanto, ela foi proibida abrir novas contas e seus usuários atuais podem ter suas contas bloqueadas.
Os acionistas controladores do Banco Neon detêm participação de menos de 20 por cento na Neon Pagamentos, disse o Banco Central. Na quinta-feira, a Neon Pagamentos informou que arrecadou 22 milhões de reais, na maior captação inicial no Brasil, que incluiu a Propel Venture Partners, a Monashees, a Quona Capital, a Omidyar Network, a Tera e a Yellow Ventures.
A intervenção ressalta uma situação delicada para as nascentes fintechs brasileiras, que têm enfrentado uma regulamentação mínima do BC nos últimos anos, mas muitas vezes dependem da infraestrutura de pequenos bancos que sofrem o exame minucioso da autoridade monetária. A liquidação extrajudicial do Banco Neon acontece oito dias depois de a Autoridade Monetária lançar a primeira regulamentaçaõ oficial sobre a atuação das fintechs.
O Banco Neon não respondeu aos pedidos de comentários. O site da instituição publicou uma cópia do decreto do BC explicando que a liquidação se deveu à situação financeira e a “graves violações das normas legais e regulatórias”. A Neon Pagamentos não pôde ser contatada imediatamente para comentar o assunto.
O Banco Neon detém 0,0038 por cento dos ativos do sistema bancário nacional e está autorizado a operar como banco comercial. O banco possui apenas uma agência, localizada em Belo Horizonte, mesma cidade que abriga a sede do Banco Inter. “Cabe registrar que as irregularidades encontradas no Banco Neon não estão relacionadas com a abertura e movimentação de conta digital ou com a emissão de cartões pré-pagos, objeto de acordo operacional com a empresa Neon Pagamentos”, disse o BC em comunicado.
A Neon Pagamentos, que informou ter 600 mil usuários no Brasil e 190 funcionários, lançou um cartão de crédito no mês passado e transferiu seu controle acionário para uma holding britânica não especificada como parte da rodada de captação de recursos, segundo comunicado à imprensa.
*Com Agência Reuters e BC