Mercado

Bancos e fintechs acertam arestas e ajustam relacionamento

O advento da internet e o processo de transformação digital da economia trouxeram um novo personagem para o segmento financeiro: as fintechs. Passado um primeiro momento de estranhamento, quando se imaginou que elas poderiam concorrer com as grandes instituições financeiras, o que se vê são relações de colaboração, que foram tema de debate nesta terça-feira, 11/06, durante o CIAB Febraban 2019.

Segundo o diretor vice-presidente do Bradesco, André Rodrigues Cano, a colaboração hoje é a maior marca na relação entre bancos e fintechs. Para ele, os bancos têm um mercado gigantesco a oferecer para que estas empresas possam vender seus produtos e serviços. “Temos visto milhares de startups procurando nosso programa de inovação para trabalhar junto com o banco”, afirmou, lembrando que essa parceria tem colaborado para fazer o bolo crescer.

O CTO do banco BTG Pactual, Gustavo Roxo, concordou e lembrou que as fintechs são importantes, uma vez que resolvem dores específicas dos clientes com uma eficiência acima da média, já que se concentram em apenas um problema. “Eu prefiro cooperar do que competir. Mas ainda estamos aprendendo qual a melhor forma de capturar o valor dessas empresas.”

Marino Aguiar, CIO do banco Santander, foi além e apontou a inspiração como um dos resultados da relação com as startups. “Elas nos fazem ver os mesmos problemas de forma diferente”, defendeu, adotando posição semelhante à de Gustavo Fosse, diretor setorial de Tecnologia e Automação Bancária da Febraban e diretor de Tecnologia do Banco do Brasil.

Para Fosse, a competição existente entre bancos e fintechs é mínima. “Estamos aprendendo muito a trabalhar com a forma leve que estas empresas trazem para esta relação”, disse, ressaltando que o maior beneficiado dessa relação é o cliente.


Aceleração

Para garantir que esse relacionamento continue dando resultados e acesso às melhores soluções desenvolvidas pela fintechs, os bancos, ao contrário de competir, têm investido na aceleração dessas empresas. Para o diretor executivo de Negócios Digitais do banco Itaú e presidente da Rede, Marcos Magalhães, estar perto das fintechs traz aprendizados importantes. “As pessoas aprendem mais rápido que as organizações, digitalizam-se muito mais rápido que as empresas”, comparou.

No Bradesco, por exemplo, existe hoje uma série de iniciativas voltadas para a atração dessas empresas. O Demo Day é uma delas e representa uma oportunidade para que as startups apresentem seus desenvolvimentos para a direção do banco. “Muitas vezes vemos ali soluções que nem imaginávamos. Em outras, fazemos ligações que as startups não imaginaram”, disse Cano.

O executivo lembrou que aquelas soluções com maior potencial recebem investimentos do banco. “Há o aprendizado, e sempre há a possibilidade de nos tornamos sócios deles, o que é um ganho para as startups, que recebem nossa experiência e governança, preenchendo alguns gaps que elas têm”, acrescentou.

O BTG Pactual também vai nessa direção, mas com um detalhe: eles procuram manter as novas empresas fora da estrutura do banco. “Essa pegada de empreendedor não existe nas grandes corporações, e manter isso por perto é importante. Por isso devemos deixá-las tocar o negócio”, explicou Roxo.

No Banco do Brasil, esse trabalho começa internamente. Gustavo Fosse lembra que recentemente as equipes do departamento de tecnologia foram transformadas em startups com autonomia para trabalhar e buscar resultados. Externamente, o banco vem procurando promover o empreendedorismo no Brasil, não apenas entre as empresas de tecnologia.

“Nossa forma de investir é diferente. Criamos 173 agências em grandes centros para ajudar os empreendedores a se desenvolverem. Nos pequenos e médios, temos mais de 400 agências com plataforma para microempreendedores. Quando olhamos internamente, tentamos buscar esse modelo, conhecer startups, lançar empresas e trabalhar com elas para que conheçam nosso modelo”, concluiu.

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