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Bancos encostam no Governo e investem R$ 18,6 bilhões em TI

Apesar do momento econômico e político do país em 2016, os bancos mantiveram o posto da vertical privada que mais investe em Tecnologia da Informação no Brasil com um aporte de R$ 18,6 bilhões e, ao mesmo tempo, encostaram no Governo ao aumentarem a participação dos gastos para 14% do PIB nacional. A maior parte dos aportes -45% – foi destinada para o desenvolvimento de software, 35% para hardware e 19% para telecom. O montante caiu em relação a 2015, quando os bancos investiram R$ 19 bilhões, mas o diretor setorial da Federação Brasileira de Bancos, Gustavo Fosse, sustenta que o resultado de 2016 ficou acima do esperado.

“Numa comparação mundial, os bancos brasileiros investiram acima da média, que é de 13%. A Tecnologia da Informação nos ajuda a encontrar eficiência operacional e esses R$ 700 milhões de diferença são também resultado da consolidação das áreas de TI por conta das fusões e aquisições”, explica Fosse, que também atua na área de TI do Banco do Brasil. O levantamento da Febraban, divulgado nesta quarta-feira, 10/05, em São Paulo, constatou a explosão do uso da mobilidade como já era esperado.

O estudo mostra que as transações bancárias feitas por meio do mobile banking, que inclui celulares e tablets, praticamente dobraram no ano passado, com expansão de 96% em relação a 2015, totalizando 21,9 bilhões. Mas o mais importante: a movimentação financeira, que é a transação efetivamente concretizada, saltou de 0,5 milhão em 2015 para 1,2 bilhão em 2016. Com este desempenho, o canal superou o internet banking – que registrou 14,6 bilhões de transações, abaixo do contabilizado em 2015, 17,7 bilhões-, pela primeira vez, galgando a liderança entre as plataformas utilizadas pelos clientes para operações bancárias com ou sem movimentação financeira.

O mobile banking – e aqui é bom ressaltar que o dado da Febraban contabiliza as operações feitas diretamente dos aplicativos dos bancos – fechou o ano passado representando 34% do total das operações, um aumento de 14 pontos porcentuais em relação à pesquisa feita em 2015, seguido pelo internet banking (23%). Se levadas em conta somente as transações com movimentação financeira, o salto foi ainda maior, com o canal expandindo-se em 140%, passando de 500 milhões de transações, em 2015, para 1,2 bilhão no exercício passado. Nos últimos três anos, o volume quadruplicou.

“O canal digital é a escolha clara do correntista e não há canal digital sem investimento em hardware, software e telecom, o que nos deixa em evidência que os aportes para 2017 devem seguir a mesma linha e ficar em torno dos R$ 18,6 bilhões. É claro que pode ter um movimento para mais e para menos. Exemplificando: se uma instituição renovar seu data center, os aportes em hardware aparecem. Mas a grande maioria está apostando no software. E, claro, em Telecom, para garantir a disponibilidade”, reforça Gustavo Fosse.


No ano passado, o setor bancário contabilizou 65 bilhões de transações, uma alta de 17% em relação a 2015, de 55,7 bilhões, e a segunda maior nos últimos seis anos, de acordo com dados da pesquisa Febraban. Juntos, os canais de internet e mobile, respondem por 57% do total de movimentações financeiras. Contribui ainda o crescimento das contas totalmente digitais, abertas por meio totalmente eletrônico, sem contato presencial entre clientes e instituições bancárias. Conforme a Febraban, o número chega a quase um milhão e a expectativa é de que as contas totalmente digitais somem 3,3 milhões até o final do ano – contas digitais são aquelas abertas por meio totalmente eletrônico, sem contato presencial entre clientes e instituições bancárias.

O uso da mobilidade e do Internet banking não implica no desgaste do ATM, que segue sendo o principal meio para sacar o dinheiro. Os ATMs mantiveram o desempenho de 2015 com o registro de 10 bilhões de transações financeiras. A crise econômica impactou mesmo o desempenho dos POS. Em função da queda do varejo em 2016, o número de transações com cartões de débito e crédito caiu e ficou em 6,6 bilhões. Em 2015, esse número ficou em 7,8 bilhões. “É uma posição que retrata o menor uso dos cartões de débito e crédito no comércio. Não um problema de tecnologia”, completou Gustavo Fosse.

Realizada há 25 anos pela FEBRABAN, em 2017, a Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária foi desenvolvida em parceria com a Deloitte e contou com a participação de 17 bancos, que representam 91% dos ativos dessa indústria no País. O estudo foi feito com a aplicação de questionário online junto às instituições financeiras, entrevistas com especialistas, consolidação de dados públicos e também com pesquisas internacionais da Deloitte para ampliar e aprofundar a análise dos dados.

Para conferir a apresentação completa da pesquisa, clique aqui. O relatório completo será lançado por ocasião do Ciab FEBRABAN 2017, que acontecerá entre os dias 06 e 08 de junho, em São Paulo.

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