Bancos pressionam por regulamentação para criptoativos
Os recentes abalos do mercado de criptomoedas que afetaram os valores dos bitcoins e demais criptomoedas não constituem movimentos fatais para a oferta de ativos digitais, na análise dos bancos tradicionais. Várias iniciativas nesse sentido continuam avançando no portfólio dessas instituições enquanto aguardam, e pressionam, por uma regulamentação que ajude a diminuir o risco de investidores.
Os ativos digitais estão no radar do Bradesco desde 2015. Fernando Freitas, superintendente de Pesquisa e Inovação do banco, lembra dos estudos iniciais ainda sob o guarda-chuva do InovaBra, hub de inovação da instituição, e que resultou mais tarde na adesão ao consórcio R3, uma plataforma para estender o uso de blockchain.
“Nossa expectativa era de que o blockchain resolveria todos os problemas ao longo do tempo, mas nos deparamos com vários desafios”, ressaltou. Hoje, observou, o banco tem novo entendimento sobre essa questão e trabalha com uma carteira de ativos digitais e, além disso, tem o blockchain distribuído por várias áreas de negócios. “Fizemos vários pilotos, mas ainda não tínhamos conseguido um caso de uso que fosse ‘matador’ para garantirmos a escala”, disse.
Para chegar a ter uma referência nesse mercado, o banco passou por um processo de educação interna, a fim de que todos pudessem entender as criptomoedas, NFTs, bitcoins e daí criar modelos para essas demandas trabalhando com comunidades com modelos integrados e de negócios. Há dois anos, o Bradesco comprou a fintech 4ward, de blockchain as a service, por meio de sua carteira digital Bitz, e tem ampliado iniciativas de tokenização de investimentos.
Para Luís Eduardo Carvalho Terra de Faria, gestor de Fundos Multimercados do BB DTVM, o momento nesse mercado é o de acompanhar a evolução e ver como será tratada a questão da regulamentação. “É preciso criar um marco regulatório para que se possa criar negócios em cima disso. O Brasil pode ter um papel especial nessa área porque tem uma indústria financeira sofisticada, uma população que adota facilmente tecnologia e dois reguladores que pensam em inovação”, afirmou.
O BB também é simpático à ideia da tokenização e tem observado com atenção o mercado de ativos digitais. O BB Multimercados Criptoativos tornou-se o fundo de cripto para investidores qualificados. “Ainda vai passar muita água debaixo dessa ponte, e nesse processo uma instituição financeira precisa ter um balanço com alguns riscos pelo que é novo, mas com parcerias e evoluindo a agenda da regulação”, disse Eduardo Crivelli, do Itaú Unibanco. Recentemente, o Itaú avançou nessa área com o lançamento do fundo de criptomoedas Hasdexk e com a Vortex lançou a primeira debênture tokenizada, com a Salina Participações.