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BNDES descontinua BNDES Direto 10, voltado para PMEs de TICs

A linha de financiamentos para empresas de menor porte, centradas em tecnologia, criada pelo BDNES em meados de 2019 foi suspensa em novembro do mesmo ano. Expressamente estabelecida para preencher a lacuna de aportes em segmentos com dificuldades de apresentar garantias, a chamada BNDES Direto 10 não tem substituto. 

“O BNDES reconhece que há lacuna de crédito para empresas com crescimento acelerado mas sem garantia. A gente queria um instrumento adaptado, com alguma flexibilização no tratamento, e foi criado BNDES Direto 10, para permitir investimentos a partir de R$ 1 milhão, não R$ 10 milhões que é a regra normalmente adotada”, explicou o gerente de Planejamento, Estudos e Produtos para TI, Telecom e Economia Criativa do BNDES, Carlos Azen, em webinar promovido pela Associação Brasileira da Empresas de Software, ABES, nesta quarta-feira, 20/05.

“O BNDES Direto 10 substituiria o BNDES Prosoft, que tinha esse espírito. Mas por várias questões, pela revisão do papel do banco, com maior prestação de serviço para o governo, com a agenda de privatizações, foi decidido ainda em novembro de 2019 suspender novas operações com o BNDES Direto 10”, disse Azen. 

A mencionada lacuna continua. Empresas de menor porte, especialmente do setor de software, cujo “ativo” é a força de trabalho de milhares de programadores, têm dificuldades em apresentar as garantias exigidas para obter financiamentos. Daí a importância apontada pelo segmento para essa linha, extinta, que era voltada para investimentos em setores de alta complexidade tecnológica e intensivos em conhecimento, em TICs, educação, e economia criativa. Era uma forma de até pequenos provedores internet conseguirem crédito. 

Os números mais recentes do BNDES sugerem que a dificuldade voltou a ser grande. “A gente reconhece que a questão das garantias é um gargalo e estamos tentando reformular para destravar o credito. Até já vimos algum incremento do crédito na ponta. Em operações indiretas, para o setor de software, de janeiro a abril de 2020, houve um volume de 80% frente a todo o período de 2019. Entre março e abril, o aumento foi de 240%”, apontou o gerente de planejamento do BNDES. Mas se os percentuais parecem significativos, na prática, os valores são baixos. Mesmo com todo o crescimento, os financiamentos para software foram de R$ 26 milhões, uma gota nos R$ 2 bilhões que o banco emprestou no mesmo período.


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